Na Era do Conhecimento, as cidades inteligentes se destacam como propulsoras do desenvolvimento econômico, baseando-se em ecossistemas de inovação robustos e políticas de incentivo eficazes. Vale enaltecer que essas cidades não são apenas tecnológicas, mas também complexas, pois integram a sustentabilidade e uma abordagem humanizada focada na melhoria da qualidade de vida dos cidadãos.
O desenvolvimento urbano baseado no conhecimento coloca a criatividade e a inovação no centro das estratégias urbanas. Este modelo considera o conhecimento como o vetor principal do desenvolvimento e promove uma transformação real ao integrar e equilibrar domínios econômico, institucional, sociocultural e ambiental. Tal abordagem cria cidades inteligentes que são também sustentáveis e centradas no ser humano.
Para tanto, os ecossistemas de inovação são prioritários para a economia das cidades inteligentes. Universidades, startups, parques tecnológicos, bancos de desenvolvimento e entidades de classe formam uma rede dinâmica que impulsiona o desenvolvimento econômico. Esta rede gera novos negócios e empregos e transforma as cidades em polos de inovação, nos quais ideias e tecnologias são continuamente desenvolvidas e implementadas.
Fomentar a inovação é imprescindível para que as cidades atinjam seu potencial econômico. O crédito e o apoio a empresas de base tecnológica são importantes estratégias. No Brasil, políticas públicas têm promovido a inovação, no entanto é necessário aumentar o investimento em pesquisa e desenvolvimento para competir globalmente. O economista Joseph Schumpeter, já em 1911, destacou a importância do crédito como catalisador da inovação, afirmando que o apoio financeiro pode desencadear novas ondas de desenvolvimento econômico.
Dessa maneira, cidades inteligentes são caracterizadas pela gestão eficiente de recursos, com ênfase em dados como bens comuns. O conceito de commons, de Elinor Ostrom, aplica-se aqui, tratando dados e conhecimento como ativos intangíveis acessíveis a todos. A transparência dos dados abertos impulsiona a inovação e fortalece a governança, o que permite colaboração entre cidadãos e empresas para resolver desafios urbanos.
A partir disso, o uso estratégico de dados possibilita a reorganização das cidades de forma mais eficiente e sustentável. Em vez de grandes investimentos em infraestrutura física, as cidades podem usar dados para entender padrões de mobilidade e comportamento, ajustando operações para melhorar a qualidade de vida de forma econômica e eficaz. As cidades servem como laboratórios vivos, onde novas tecnologias são testadas em tempo real, reforçando a cocriação entre governo, indústria e comunidade.
Em última análise e considerando a argumentação exposta, o conhecimento em si é poder. Na economia das cidades inteligentes, ele é o impulsionador da inovação e do desenvolvimento econômico. Cidades que alavancam seus ecossistemas de inovação e implementam políticas de incentivo estarão na vanguarda do desenvolvimento urbano sustentável. Assim, é essencial fomentar a criatividade e a inovação tanto como estratégias econômicas quanto como princípios fundamentais para criar cidades mais inteligentes, sustentáveis e humanas.
Jamile Sabatini Marques, Diretora de Inovação e Fomento da ABES.