Como é possível perceber no relatório da Anatel referente a dezembro, o 4G foi a grande estrela do crescimento dos acessos móveis no Brasil em 2015. Esse papel deverá continuar pelo menos nos cinco anos seguintes. Segundo o estudo Visual Network Index (VNI), que a Cisco divulga nesta quarta, 3, a tecnologia crescerá dez vezes até 2020, ou um crescimento médio composto anual (CAGR) de 58%. Assim, as conexões LTE serão 35,4% do total do País em 2020, contra 4,7% em 2015.
Vale notar que o montante considera todas as conexões móveis, incluindo por acesso via Wi-Fi. Considerando somente as redes de celular, o 4G foi 9,87% da base total brasileira em dezembro, de acordo com dados da Anatel.
Considerando somente os dados móveis, o 4G representava 21,8% em 2015, passando para 65,4% em 2020, um crescimento de 20 vezes. Pelas informações da agência reguladora, somando os dados móveis, o LTE representava 14,10% em dezembro.
A Cisco diz também que, apenas no recorte do tráfego de smartphones, o 4G será 62%, contra 17,9% em 2015, gerando 3,466 GB/mês (contra 1,374 GB/mês atual).
Na avaliação do diretor de relações governamentais da Cisco, Giuseppe Marrara, o avanço do LTE será facilitada tanto pelo lado do consumidor quanto da tele. "Isso é feito de maneira bilateral, o usuário desenvolve interesse pelo 4G e normalmente isso é acompanhado pela própria evolução econômica e barateamento do dispositivo, porque nem todos são compatíveis; mas a gente tem ainda a questão das operadoras, que se movimentam muito também com ofertas mais modernas, data cap e formato para o usuário típico", disse ele em webconferência para jornalistas. Ele ressalta a liberação de espectro, especialmente da faixa de 700 MHz, como outro impulsionador para a tecnologia.
Também pode ajudar muito o aumento do consumo de vídeo em redes móveis. Marrara acredita que o conteúdo subsidiado, com modelos de acesso patrocionado, poderão trazer "compensações" às operadoras. "Não tenho resposta para o zero-rating do ponto de vista regulatório, mas sei que será adotado", declara.
O diretor da Cisco acredita que a transição do 3G para o 4G foi rápida, até pelo cenário de competição no Brasil com quatro operadoras. Mas ele prevê que a quinta geração poderá não se valer de um cenário tão propício. "Particularmente, acho que vamos entrar em uma fase de 4G maciça, mas no 5G a transição será não exatamente mais lenta, mas mais cuidadosa", afirma. Novamente, como barreiras há a questão regulatória para liberação de ainda mais espectro e o cenário macroeconômico no País.
De acordo com o VNI, o 3G será 54,4% do total de conexões em 2020, comparando com 63,4% em 2015. Comparando com informações da Anatel, o 3G (apenas handsets) representava 57,84% da base brasileira. Já o 2G será 9,3% da base em 2020, comparado com 31,9% em 2015 (contra 25,60% nos dados da Anatel). As conexões baixo consumo energético e ampla cobertura (LPWA, na sigla em inglês), para dispositivos M2M, chegarão a 1% do total em 2020.
Velocidades
Com o aumento da penetração da banda larga móvel, aumentará a velocidade também. Atualmente com média de 1,002 Mbps, a previsão é de que chegue a 4,206 Mbps em 2020. A velocidade média em smartphones era de 5,559 Mbps em 2015, e a previsão é de crescer 1,9x e chegar a 10,301 Mbps em cinco anos. Os tablets têm 7,312 Mbps, com previsão de chegar a 12,141 Mbps.
No recorte por tecnologia, o 4G tem velocidade média de 9,225 Mbps, enquanto o 3G tem 1,258 Mbps e o 2G apenas 79 kbps. Em 2020, essas médias aumentarão para 14,856 Mbps no LTE, 2,689 Mbps no 3G e até 108 kbps no 2G.
Wi-Fi
Já o tráfego Wi-Fi contava com velocidade de 6,656 Mbps e deverá chegar a 11,276 Mbps. A Cisco acredita que o País contará com 16,6 milhões de hotspots Wi-Fi em 2020, contra 1,1 milhão em 2015; e 16,4 milhões de "homespots" (roteadores que fornecem acesso doméstico) contra 977,5 mil atuais.
Giuseppe Marrara admite que a evolução do Wi-Fi também dependerá de um esforço para destinação de frequências, desta vez as não licenciadas. Ele reconhece que a faixa de 2,4 GHz "já está se exaurindo, e a de 5 GHz está consumindo muito rápido". A solução seria a reformulação do espectro nesta última banda, um esforço global e que "talvez seja grande tendência nos próximos três a a cinco anos".
Com a faixa de 2,4 GHz, o problema é realocar serviços que utilizam faixas medianas no espectro, como de sinalização e comunicação para militares. "Existe discussão de possibilidade de remanejamento dessas aplicações ou uso de Wi-Fi como secundário, pelo menos no curto prazo, como alternativa", diz, citando esforços da Cisco junto à Anatel e ao Ministério das Comunicações. Ele cita ainda "para o futuro" o espectro de 5,8 GHz.