A NEC do Brasil continua colhendo os frutos da reestruturação levada a cabo a partir de 2003, quando deixou de ser apenas uma fornecedora de equipamentos de telecomunicações para atuar, também, como prestadora de serviços nesse setor. As demonstrações financeiras relativas ao exercício de 2006 divulgadas nesta terça-feira (3/4) indicam uma clara evolução da companhia no mercado nacional, com a obtenção de um lucro líquido de R$ 27,1 milhões no período ? sete vezes maior em relação ao lucro registrado em 2005, que foi de R$ 3,9 milhões.
Atualmente, além da NEC do Brasil ? que é responsável pelos negócios dirigidos ao setor de operadoras de telecomunicações ? o grupo é composto também pela NEC Solutions Brasil (NSB), criada em junho de 2005 com foco no mercado corporativo. Somadas, as receitas das duas operações totalizaram R$ 437,5 milhões no ano passado, sendo R$ 383,6 milhões da NEC do Brasil e R$ 53,9 milhões da NSB. Este é o segundo ano consecutivo em que a companhia distribui dividendos: serão R$ 12,9 milhões contra R$ 2,3 milhões de 2005. Trata-se do melhor resultado obtido desde que se iniciou redirecionamento estratégico da companhia há cerca de cinco anos.
?Os resultados obtidos em 2006 refletem a consistência das operações e o acerto da estratégia de diversificação?, afirma Paulo Castelo Branco, presidente da NEC do Brasil. Entre esses fatores, o executivo relaciona a redução de custos variáveis e o crescimento da oferta de soluções com maior rentabilidade, além de medidas de contenção de despesas fixas e um robusto controle do fluxo de caixa. Segundo Castelo Branco, a administração dos ativos e passivos tem sido, também, alvo de permanente atenção e controle, visando melhorias de desempenho. Ele cita como exemplo, o índice de liquidez da NEC do Brasil que, de 2004 para 2005, tinha evoluído de 2,3 para 2,6 e, em 2006, teve um salto ainda maior, atingindo 3,4.
Castelo Branco salienta que obter um lucro líquido de R$ 27,1 milhões em um ano de queda de investimentos por parte dos clientes no principal segmento de atuação da empresa ?é uma prova inquestionável da solidez financeira atingida pela NEC e da acertada estratégia traçada pela companhia para o país?. Um dos indicadores que reforçam esse bom desempenho, segundo ele, foi o lucro operacional, que evoluiu de R$ 4,2 milhões em 2005 para R$ 26,7 milhões em 2006.
Em termos de faturamento bruto, a NEC do Brasil registrou R$ 383,6 milhões em 2006 contra R$ 474,7 milhões obtidos no exercício anterior. As vendas líquidas no ano passado alcançaram R$ 291,9 milhões contra R$ 360 milhões em 2005. Ao se referir a essa retração de receita, Castelo Branco explica que parte dessa redução se deve à decisão do grupo em redirecionar vendas que até então eram contabilizadas pela NEC do Brasil para formar a carteira de encomendas da NEC Solutions Brasil. Outro fator que contribuiu para essa queda de faturamento, segundo ele, foi o baixo crescimento do setor industrial de telecomunicações em 2006 ? apenas 2%, contra 26% em 2005 ?, o que impactou diretamente nos resultados da empresa.
?Por outro lado, pudemos constatar um significativo crescimento dos serviços na composição da receita?, assinala Castelo Branco. Uma das principais apostas da NEC, a oferta de serviços teve sua participação elevada de 31,6% em 2005 para 34,2% no ano passado, conseqüência dos investimentos na implantação do Cispro (Centro Integrado de Serviços Profissionais) inaugurado em maio de 2006. O novo centro de serviços conta com um moderno NOC ? centro de operações de rede ? para a oferta de serviços gerenciados a operadoras, corporações, empresas de utilities e do setor de governo.
Criada em junho de 2005, com o objetivo de abrigar os negócios dirigidos ao mercado corporativo e governo, a NEC Solutions Brasil fechou 2006 com um faturamento bruto de R$ 53,9 milhões. Em 2005, as vendas brutas da companhia para o período de julho a dezembro haviam somado R$ 17,9 milhões. ?Comparada à base anualizada de 2005, a receita bruta no ano passado aponta um crescimento de 50%?, diz Yukio Hannya, presidente da NEC Solutions Brasil. O crescimento das vendas líquidas, que totalizaram R$ 45,2 milhões no ano passado, acompanhou em nível equivalente a receita bruta.
O significativo crescimento da receita da NSB, segundo o executivo, é resultado direto do plano estratégico adotado pela empresa de crescimento aliado à diversificação do portfólio. ?Observamos um aumento dos negócios com soluções novas no portifólio da NEC, como o RFID e a solução de gestão para administrações municipais, que começam a ter papel importante na receita?, comenta Hannya.
A grande fatia das vendas, entretanto, ainda é proveniente do segmento de comunicações empresariais, cujo carro chefe são projetos envolvendo migração da telefonia convencional para telefonia IP, seja na forma de sistemas híbridos ou sistemas IP puro. ?Essa tendência de adoção de soluções baseadas na tecnologia IP vem gerando uma nova demanda de convergência de voz e dados no ambiente empresarial, não só na camada de redes, mas também de aplicações, o que deverá manter o nível de crescimento deste segmento para os próximos anos? conclui o executivo.
