O surgimento repentino e rápido, somado a uma descontrolada disseminação mundial do coronavírus, nos mostra a falha dos sistemas de saúde existentes para lidar oportunamente com emergências de saúde pública. Embora tenham sido realizadas melhorias, estas ainda estão aquém na prevenção da pandemia. A falta de medidas necessárias para garantir a contenção e o rastreamento do vírus agravaram a situação.
Hoje em dia, sabe-se que a tecnologia blockchain é cada vez mais mencionada como uma ferramenta para auxiliar em vários aspectos da contenção do surto. Será que, nesse sentido, o uso de blockchain na indústria da saúde poderia ajudar a prevenir futuras pandemias?
Prevenir e controlar doenças com potencial epidêmico é uma grande atividade de saúde pública. Muitos sistemas de vigilância são usados para rastrear potenciais novas doenças e controlar as existentes. Embora os governos estejam fazendo tudo ao seu alcance para conter a propagação do coronavírus, essa batalha é dificultada por contratempos no compartilhamento oportuno de informações.
Infelizmente, muitos processos estão desatualizados, sendo de complicado acesso ou imprecisos. O atual sistema de vigilância de doenças da China, por exemplo, é uma versão atualizada do que era utilizado há cinco décadas. E há também a questão da privacidade e segurança ao usá-los de forma centralizada.
Epidemiologistas que estudam como as doenças se espalham estão sendo confrontados com a tarefa de coletar, verificar e limpar dados de forma eficiente. Questões de privacidade e segurança, barreiras linguísticas, a distância entre a localização geográfica de um surto, diferenças culturais, e muitos outros fatores são questões a serem debatidas e observadas.
Conter o vírus da Covid-19 pode ser uma questão de gerenciamento de dados. A coleta, a verificação e a limpeza desses dados, no entanto, está longe de ser o ideal. Os epidemiologistas precisam tê-los em alta qualidade para modelar os vírus; com estes modelos, eles podem fornecer aos governos recomendações sobre como conter a doença. Mas esses dados são difíceis de obter ou sua integridade não pode ser verificada, o que fica, portanto, sem uso para os epidemiologistas.
O blockchain poderia ser usado para melhorar uma variedade de processos relacionados à saúde, incluindo a gestão de registros, vigilância em saúde, acompanhamento de surtos de doenças, situações de crise de gerenciamento e muito mais.
Uma vez que a contenção do vírus é algo que deve ser encarado como um problema de gerenciamento de dados, a maior oportunidade para blockchain no setor de saúde é que ele seja uma fonte de verdade única para a procedência de informações, já que o mundo inteiro está lutando contra esse surto. Ele poderia ser usado para fins de regulamentação de registros, para monitorar dados em tempo real e, principalmente, para garantir sua integridade, ao mesmo tempo em que identificaria e eliminaria a desinformação sobre o coronavírus.
Em emergências como essas, há um grande número de dados recebidos, com poucas mãos para gerenciá-los. Já com o uso do blockchain, a coleta de informações se tornará automatizada e a imutabilidade do livro-caixa torna impossível alterar qualquer um dos registros.
Usando a tecnologia blockchain, pode-se gerir com segurança os registros de saúde, garantindo a interoperabilidade sem comprometer a privacidade e a segurança do paciente. Esses registros podem incluir informações dos pacientes, tratamentos ministrados e qualquer progresso detectado. O blockchain também garantirá que os dados sejam arquivados e protegidos por qualquer acesso não autorizado, mas ainda mantê-los disponíveis para todo o sistema de saúde.
Ele permitirá que os usuários vejam todos os dados e tendências sobre o vírus em tempo real, incluindo todas as informações sobre casos confirmados de infectados, número de mortes, recuperações, etc. O crescimento exponencial da conectividade e o acesso à riqueza das pesquisas permitiriam às autoridades de saúde acompanhar rapidamente a disseminação da doença, dando às populações vulneráveis informações vitais. Além de serem usadas por laboratórios que trabalham em vacinas.
Atualmente, as autoridades de todo o mundo estão se esforçando ao máximo para conter o vírus da Covid-19. E o que é sabido é que o blockchain não impedirá o surgimento de novos vírus em si, mas pode, sim, criar a primeira linha de defesa rápida através de uma rede de dispositivos conectados cujo único propósito é permanecer alerta sobre surtos de doenças. O uso de blockchain pode ajudar a prevenir surtos, permitindo a detecção precoce de epidemias, testes de medicamentos de rastreamento rápido e gerenciamento de impacto de surtos. Com fácil acesso a esses dados, a contenção de uma pandemia, por exemplo, torna-se gerenciável e é de grande ajuda para as autoridades sanitárias também.
Vale ressaltar, por fim, que, embora o blockchain mantenha a promessa para o setor de saúde, os analistas alertam que uma série de questões, incluindo a padronização de dados, os custos de operação e considerações regulatórias ainda precisam ser abordados antes que essa tecnologia seja adequada para uma ampla adoção. Mas com esta grave pandemia que estamos vivendo, algumas dessas considerações devem ser solucionadas com rapidez para que tenhamos o blockchain à nossa disposição.
Ronaldo Sodré Santoro, fundador e co-CEO da Bom Valor.
[…] Em um cláusula do fundador da startup blockchain Bom Valor, Ronaldo Santoro, para o site TI Inside, ele destaca a utilidade dos casos de uso da blockchain para eventuais crises sanitárias no horizonte: […]
[…] Este artigo foi publicado originalmente na TI INSIDE Online. […]