Para algumas empresas, a gravidade de situações como desastres naturais, epidemias e ciberataques às infraestruturas corporativas podem paralisar completamente suas operações durante um longo período, o que gera prejuízos na receita da ordem de 1,5% do seu orçamento anual. Nesse caso, a manutenção das estruturas de custos fixos também costuma apresentar queda em diversos pontos de rentabilidade.
Quando a companhia pertence a um setor que obedece a normas e regulamentações, como Telecomunicações, Utilities, Transporte e Entidades Financeiras, o problema se torna ainda pior, já que normalmente são essas companhias que fornecem os serviços básicos necessários para o desenvolvimento da sociedade. Ao interromper suas operações, essas organizações tornam-se mais suscetíveis a perder a reputação, a confiança dos clientes e ainda sofrer sanções e multas incalculáveis. Muitas têm também de lidar com a queda no valor de suas ações.
A magnitude do drama vivido por países como Haiti, Chile e Portugal nos últimos meses reforçam a importância de as companhias aprofundarem sua gestão da continuidade de operações e negócios. É fundamental atribuir um caráter estratégico a essa atividade, além dos planos de recuperação de desastres.
Não é errado pensar que é responsabilidade dos órgãos governamentais disponibilizar linhas de financiamento para as empresas que não estão em condições de se reerguer sozinhas. Iniciativas públicas como essa conferem qualidade ao trabalho de gestão da continuidade dos negócios dessas organizações, que devem sempre obedecer aos seguintes critérios:
*ter o objetivo de melhorar proativamente a capacidade da companhia para resistir a uma interrupção de seus serviços e contribuir para o alcance dos seus objetivos comerciais;
*desenvolver métodos comprovadamente eficientes para a restauração de processos críticos, produtos e serviços-chave para os negócios, no menor prazo possível;
*proteger a organização, seus acionistas e clientes;
*manter intactas a reputação, a imagem e a marca da companhia, bem como seu valor de mercado.
A tarefa é árdua, requer esforço dedicado e investimentos. No entanto ela é necessária para que as empresas impactadas por graves incidentes possam restabelecer suas operações com agilidade, minimizando os possíveis prejuízos e até mesmo tranquilizando os cidadãos que também buscam se recuperar.
Rafael Garrido, sócio responsável por Seguros, Previdência e Saúde Suplementar na everis Brasil
