TI e a gestão do ciclo de vida dos serviços

0

O aumento exponencial da velocidade de desenvolvimento de novos produtos (celulares e TVs digitais são bons exemplos) torna o usuário refém da obsolescência tecnológica. A proteção contra isso é deixar de comprar o produto para comprar o serviço, deixando por conta do provedor, que tem escala para isso, enfrentar a questão da obsolescência tecnológica. Assim, deixamos de comprar o telefone para comprar o pacote de serviços oferecido pela operadora, compramos o leasing de carros com reposição garantida, a companhia aérea faz o mesmo e até um simples bebedouro de água gelada nas empresas se transforma em serviço (a Brastemp oferece "água gelada como serviço", por uma taxa mensal que inclui a manutenção e a troca de equipamentos obsoletos, sem investimento inicial).
Vivemos a era do "XaaS", ou seja, "qualquer coisa as a service". No XaaS, a atualização tecnológica é implícita e fica por conta do fornecedor, o que é ótimo para o cliente. Mas, como sabemos, não tem bobinhos no mundo dos negócios. Se garantir a atualização tecnológica é ótimo para os clientes, para a empresa a grande vantagem é garantir renda recorrente, em substituição à venda de produtos. Quem tem que vender produtos para sobreviver, "mata um leão por dia". Já a renda recorrente, advinda dos contratos de serviços (com prazos longos e multas de cancelamento), propicia às empresas a previsibilidade do caixa, facilitando o planejamento, a inovação e os novos investimentos. Ou seja, todo mundo ganha com XaaS.
Mas tem uma pegadinha nesse modelo. O mundo dos serviços é um mundo feito de camadas. A mais alta, e perceptível por nós usuários, é a camada de serviços. Sob esta camada se colocam os processos de negócios que serão controlados. Sob os processos de negócios, encontramos os sistemas de TI, que garantem seu funcionamento contínuo e sem erros (governança corporativa, uma exigência absoluta nos dias de hoje). Ou seja, por baixo de tudo, quem segura a onda da modernização rápida de serviços e processos é a infraestrutura e os sistemas de TI, algo parecido com os encanamentos do prédio, que a gente não vê, mas que garantem a água fresquinha chegando continuamente às nossas casas. Porém, nos últimos 20 anos a globalização trouxe uma aceleração quase incontrolável aos serviços e às tecnologias que os sustentam. O ciclo de vida dos processos está encurtando muito, enquanto a complexidade tecnológica cresce na proporção inversa (a TV LCD ainda não consolidou, foi superada pela LED, que já está sendo atropelada pela 3D). O que fazer para agüentar esse ritmo sem falir?
Como sempre, os consultores de negócios vieram em nosso socorro. Eles criaram o BPM (Business Process Lifecycle Management), que é uma abordagem para se gerenciar os processos de negócios, desde sua concepção, passando pela implementação, execução e controle dos mesmos. O BPM propõe que isso seja feito eficazmente usando-se modelos de referência de processos re-utilizáveis, em cada fase do ciclo de vida dos processos, o que aumentará enormemente a performance dos negócios.
Visando máxima produtividade, os modelos de processos e funções de negócios a serem utilizados, devem ser específicos para tipo de indústria. Essa estratégia, para ser bem sucedida, deve utilizar TI e o conceito de SOA (Services Oriented Architecture) em sua implementação. Se o BPM é o "garantidor da integridade dos processos", o SOA, por sua vez, garante a integridade dos sistemas de TI que os sustentam. O SOA, trocando em miúdos, concebe os sistemas sempre atrelados aos processos de serviços do layer acima. Garante-se assim que, sempre que um processo de serviço mudar, será fácil isolar e atualizar as áreas do sistema afetadas. O SOA, de certa forma, permite "trocar as turbinas do avião de TI em vôo", sem interrupções no serviço prestado e sem ônus para o negócio.
Por isso, amigo CEO, COO e CFO, quando seu CIO vier lhe falar sobre BPM e SOA, não feche a cara e o zíper do bolso. O CIO nessa hora é a cavalaria que vem resgatá-lo, não os índios que querem seu escalpo.
*Marcelo Astrachan é presidente da Cyberlynxx.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

This site is protected by reCAPTCHA and the Google Privacy Policy and Terms of Service apply.