O avanço tecnológico continua a transformar profundamente as estruturas socioeconômicas ao nosso redor. Nos últimos anos, a Inteligência Artificial (IA) emergiu como uma força dominante, influenciando diretamente a rotina de empresas em diversos setores. Assim como em momentos anteriores de disrupção tecnológica, quando novas inovações prometiam substituir trabalhadores e o temor do desemprego em massa era iminente, mais uma vez nos deparamos com essa situação, enxergando a IA sob a perspectiva de ameaça.
Segundo um estudo da Goldman Sachs, divulgado no ano passado, cerca de 300 milhões de empregos em todo o mundo estão suscetíveis à automação da IA. Isso naturalmente provoca medo sobre a perda de postos de trabalho, principalmente em setores onde atividades repetitivas e operacionais predominam. Porém, a maior parte desses empregos, segundo a mesma pesquisa, será parcial e não completamente substituída.
Outra pesquisa nos ajuda a compreender melhor esse cenário. A edição mais recente do relatório anual "The Future of Jobs", realizado pelo Fórum Internacional Econômico, prevê que a IA deverá ser adotada por 75% das organizações até 2027, sendo que 50% delas acreditam que a tecnologia seja responsável pelo crescimento de novas oportunidades de emprego.
Os dados reforçam que a preocupação com o avanço das tecnologias que reduzem a demanda por mão de obra humana muitas vezes se baseia em uma mentalidade que não compreende plenamente o processo de evolução envolvendo homem e máquina. É possível afirmar que novas tecnologias poderão executar tarefas manuais e mecânicas de maneira mais eficiente e com menor custo que os seres humanos, o que levará empresas a optar pela tecnologia em vez de empregados para essas funções. A capacitação profissional se torna essencial nesse contexto. Investir em educação e formação para trabalhar com IA permitirá que os profissionais se adaptem a novas funções e desenvolvam habilidades complementares, como análise crítica e criatividade, que são essenciais para prosperar em um mercado em transformação. À medida que os profissionais se tornem mais familiarizados com a IA, eles poderão utilizá-la para otimizar processos, inovar em suas áreas de atuação e trabalhar de forma mais eficaz com as tecnologias emergentes.
Com a IA, a capacidade de análise ágil e criteriosa de grandes volumes de dados é uma de suas principais promessas. Nesse cenário, o papel do colaborador não será de competição com as máquinas, mas de colaboração, onde as ferramentas potencializam suas habilidades. No setor de tecnologia, por exemplo, a IA pode automatizar o desenvolvimento de códigos simples, permitindo que os programadores se concentrem em soluções mais complexas e inovadoras. Esse modelo de cooperação entre homem e máquina se estende a todas as áreas de atuação e segmentos de indústria., Soluções de IA são aliadas dos profissionais a tornar as suas decisões mais rápidas e precisas, além de trazer insights que dificilmente seriam alcançados sem a tecnologia.
IA: colaboração em vez de competição
Em vez de sermos substituídos, seremos aprimorados pela tecnologia! Ao meu ver, a IA não deve ser vista como uma ameaça, mas como um catalisador para a evolução do trabalho humano. O estudo da Goldman Sachs também destaca que, ao longo da história, inovações tecnológicas têm, em última instância, criado mais empregos do que eliminaram. Ocupações que nem existiam décadas atrás, como as ligadas ao marketing digital e ao desenvolvimento de software, surgiram exatamente graças à introdução de novas tecnologias.
Contudo, a IA não consegue replicar algumas das principais características humanas, como a capacidade de sentir empatia, de criar e de resolver problemas de maneira inovadora. Essas características são cruciais em várias áreas de atuação e permanecerão insubstituíveis. No futuro, a coexistência pacífica entre IA e humanos permitirá um foco maior em atividades cognitivas e criativas.
Além disso, a automação proporcionada pela IA tem o potencial de transformar o modo como enxergamos o trabalho. A IA irá liberar o ser humano de tarefas monótonas e repetitivas, permitindo que se dedique a atividades que requerem maior envolvimento intelectual e emocional. Sendo assim, o papel da tecnologia é ampliar a capacidade humana, permitindo que os colaboradores estejam mais envolvidos com decisões estratégicas de suas empresas e, além disso, façam, cada vez mais, parte do sucesso dos negócios.
Em síntese, não se trata apenas de máquinas assumindo tarefas repetitivas, o verdadeiro avanço ocorre quando o ser humano, com sua capacidade de empatia, comunicação e criatividade, guia a inovação, enquanto a tecnologia executa as operações. Assim, colaboradores de diferentes áreas terão mais tempo e liberdade para se concentrarem em soluções que realmente fazem a diferença para sua carreira.
O futuro do trabalho não será um cenário de competição entre humanos e máquinas, mas de cooperação, onde a tecnologia nos ajuda a atingir nosso verdadeiro potencial.
Leandro Torres, CEO da BePRO Institute e Smart Coding Lab.