Itaipu servirá como projeto piloto para o desenvolvimento de tecnologias de defesa cibernética das estruturas estratégicas do país. As soluções serão criadas no Laboratório de Segurança Eletrônica, de Comunicações e Cibernética (LaSEC²), inaugurado na terça-feira, 3, no Parque Tecnológico Itaipu (PTI), por meio de um acordo de cooperação entre a Itaipu Binacional, o Exército e a Fundação PTI.
"Trabalharemos como um case para fazer a proteção da Itaipu e, ao mesmo tempo, buscaremos soluções nacionais [de defesa cibernética]", disse o general de divisão Paulo Sergio Melo de Carvalho, chefe do Centro de Defesa Cibernética (CDCiber) do Exército, ao qual o LaSEC² está ligado. "Não queremos comprar sistemas prontos, mas desenvolvermos novas soluções", disse Carvalho, durante cerimônia de inauguração do laboratório.
Com o LaSEC², Foz do Iguaçu será um dos polos de segurança cibernética do Brasil. O laboratório é um braço local do CDCiber, cujas atribuições estão a segurança cibernética do país em grandes eventos, como Copa do Mundo e a Olimpíada de 2016. "Se ninguém ouviu falar de nós [durante a Copa], é porque nosso trabalho funcionou", brincou o general. "Daqui ainda sai quase 20% da energia do Brasil, que depende de nosso trabalho. Se nós não tomarmos as precauções nas nossas estruturas estratégicas, os danos podem ser muito grandes."
Em rede
O LaSEC² é um dos nove projetos da Rede Nacional de Segurança da Informação e Criptografia (Renasic), gerenciada pelo CDCiber. Sua função é interligar as Forças Armadas à academia e às empresas públicas e privadas. A Renasic pretende colocar o Brasil entre os países mais competentes em termos de segurança digital e criptografia. A ideia é aperfeiçoar a defesa cibernética para evitar, por exemplo, o acesso indevido a informações sigilosas.
A rede comporta outros oito projetos que vão da busca de protocolos criptografados à defesa de ataques e desenvolvimento de programas de detecção de intrusão, além de simuladores de defesa, entre outros.
Os projetos são desenvolvidos em parceria com diversas instituições, como o Instituto Instituto Tecnológico de Aeronáutica, a Universidade Federal de Minas Gerais e a Universidade de Brasília. Em cada um deles, há uma viés de pesquisa. Na capital do País, o laboratório virtual "Proto" coordena as pesquisas para o desenvolvimento e implantação de protocolos criptográficos seguros.
Em Foz do Iguaçu, o eixo será a proteção de Itaipu como uma das estruturas estratégicas – aquelas que, em caso de colapso, causariam algum problema ao país. Além de Itaipu, comportam essa lista as plataformas petrolíferas, o sistema bancário e financeiro (bolsas de valores), as linhas de transmissão de energia, entre outras. "Depois, esse conhecimento poderá ser replicado em outras instalações", disse o major Luciano de Oliveira, do CDCiber. "Neste momento estamos plantando uma semente que vai frutificar não só na região de Foz do Iguaçu. O que vamos produzir aqui será útil para outras estruturas estratégicas", disse.
Como funcionará
O Laboratório de Segurança Eletrônica, de Comunicações e Cibernética fica no Edifício das Águas, no PTI. "Será uma atuação colaborativa, com uma conexão com todas outras iniciativas do parque", disse o diretor-presidente da Fundação PTI, Juan Carlos Sotuyo.
A ideia é conciliar o trabalho do LaSEC² com os demais laboratórios do PTI, como o Centro de Estudos Avançados em Segurança de Barragens (Ceasb), o Centro Latino-americano de Tecnologias Abertas (Celtab), o Laboratório de Automação e Simulação de Sistemas Elétricos (Lasse) e o Programa de Inovação em Tecnologia da Informação e Comunicação (Inovatic).
Atualmente, estes órgãos comportam mais de 70 pesquisadores. Outros poderão ser contratados pelo sistema de bolsas.