Data Center com carga total

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Aqueles enormes data centers, concentradores de milhões de dólares ou reais de investimento e, para a tristeza dos investidores, altamente ociosos, ficaram no passado. A alta esperada para o início da década com os projetos pontocom vem sendo registrada nos últimos três anos, fruto de investimento de empresas reais, de grande, médio e até de pequeno porte.

Provedores de serviços relatam crescimento de 20% a 30%, e a IDC indica que, entre as atividades de outsourcing, a oferta de infra-estrutura de data center é definitivamente a de maior demanda e rentabilidade. Em 2006, segundo a consultoria, este mercado registrou um avanço da ordem de 24,4%, bem acima do mercado de serviços, que cresceu 15,9%. ?No mercado de TI em geral, o outsourcing é a atividade que mais cresce e a oferta de serviços de data center apresenta desempenho ainda melhor?, relata Rodrigo Batista, analista de mercado de serviços da IDC.

Na América Latina, o segmento de outsourcing de TI movimentou, em 2006, US$ 1,7 bilhão, liderado pelos movimentos desse segmento no Brasil. Aliás, o comportamento do mercado local contraria as estatísticas mundiais, que registram taxas de 5% de crescimento em função da consolidação, e traça um cenário altamente animador para o empresário deste setor no Brasil, como define Marcelo Boralli, diretor de novos Negócios da DH&C Outsourcing. ?Tivemos um 2006 excepcional. Janeiro foi mais moderado, fevereiro aqueceu e março e abril foram meses excepcionais?, comemora o executivo. A diferença do mercado de hoje para a oferta do início da década, quando a aposta desses provedores eram as empresas pontocom, é que os provedores identificaram que os simples serviços de hosting ou collocation, muito comuns à época dos grandes projetos de internet, são pouco rentáveis, exigem alto investimento e demoram a dar retorno.

O que se fez, portanto, foi uma revisão da oferta, com propostas de maior valor agregado, expressão comum no segmento de TI, mas que traduz o pacote de serviços gerenciados hoje à disposição das corporações. ?Reposicionamos a estratégia porque a bolha estourou e a oferta, que era inicialmente para aplicações pontocom, foi readaptada a realidades mais amplas, ou seja, para atender empresas dos mais diversos segmentos e com necessidades variadas?, argumenta Marco Américo, vice-presidente de data center da Diveo.

A partir de 2001, a atenção dos data centers se voltou a empresas que precisavam de infra-estrutura e de conexão rápida para aplicações que demandavam alta disponibilidade. A Diveo e os demais players do mercado investiram muito neste perfil da terceirização. ?Tanto que hoje as pessoas sabem o que é hosting e collocation, ou seja, não precisamos mais convencer as empresas de que esta oferta tem alto valor agregado?, pontua Américo.

Serviços gerenciados
Apesar de carregar em seu sobrenome a palavra outsourcing, a DH&C se dedica exclusivamente à infra-estrutura de TI, ou IT Infrastructure, como prefere Boralli. Em resumo, a infra-estrutura gerenciada de TI e telecomunicações, com pessoal capacitado a administrar redes e diferentes modelos de servidores, roteadores e outros dispositivos, respeitando o acordo de nível de serviço (SLA) e a qualidade do serviço (QOS) acordados previamente com o cliente.

?Garantimos banda para aplicações críticas, sempre tendo como referência o business do cliente, o ERP (enterprise resourcing planning) ou o CRM (customer relationship management), dependendo do que for prioridade?, explica o executivo da DH&C Outsourcing. A empresa não oferece compartilhamento de servidores ou collocation no modelo convencional, como faz a Locaweb, por exemplo, para pequenas e médias organizações. O menor projeto da empresa contempla um servidor dedicado, e a média dos clientes gira em torno de sete a oito servidores, com redundância de hardware, banco de dados, etc.

São projetos de missão crítica que, segundo Boralli, não podem depender de uma única máquina ou de servidores compartilhados. Um modelo perseguido também pela HP, Atos Origin, EDS, IBM e outras grandes do mercado internacional. ?Nunca estivemos no segmento de IDC (Internet data center). Procuramos apresentar uma oferta diferenciada, com alto valor agregado?, define Luis Sena, gerente de marketing para programas de outsourcing da HP Brasil.

Exemplo deste novo modelo é o contrato de terceirização fechado pelo banco ABN Amro Bank com a IBM para gestão de máquinas, redes e outros serviços. Um modelo de grandes contratos perseguido pelos principais provedores de serviços de data centers. Mas diferente das estatísticas comuns do setor de tecnologia da informação, os bancos ocupam o segundo lugar na demanda por este tipo de serviço, sendo superados pela indústria de manufatura, que concentra 40% da demanda. Depois dos bancos aparecem as empresas de serviços, uma proporcionalidade que deve prosseguir pelos próximos anos, segundo a IDC.

Nova ordem

Provedores de serviços e institutos de pesquisa estão convencidos de que a resistência em relação à terceirização foi, finalmente, vencida. Os CIOs ou executivos de TI já estão convencidos da importância do foco no negócio da organização, que demanda meios mais rápidos e flexíveis para viabilizar projetos e contam com parceiros capazes de realizar projetos em alta velocidade e com flexibilidade compatível com as necessidades presentes e futuras da corporação.

Também pesaram em favor do outsourcing da infra-estrutura de TI as legislações e regras de governança corporativa, como a lei norte-americana Sabanes-Oxley (Sox), ou a regulamentação do segmento bancário, a Basiléia II. ?Os cuidados com a recuperação de dados, exigidos pela governança de TI, criam uma série de regras de qualidade da informação, e isso levou muitas empresas a terceirizar a infra-estrutura de TI?, analisa Thack Brown, diretor executivo de vendas da EDS Brasil.

Essa tendência justificou uma nova rodada de investimentos dos data centers em infra-estrutura de gerenciamento, para acompanhar os esforços empreendido pelas corporações. Porém, não em máquinas e equipamentos imobilizados, mas em melhorias de gestão. Com sete anos de mercado, DH&C não revela quanto aportou no ano passado, mas Boralli diz que os recursos foram altos e aplicados em processos internos. A receita da empresa cresceu acima da média brasileira (39%), mas abaixo dos 45% que vinha registrando em períodos anteriores, porque reservou capital para a ?arrumação da casa?. ?Nos organizamos internamente, com investimento pesado em ferramentas de best practice ITIL, alinhamento de processos de suporte a sistemas e na ferramenta de gestão de TI da Peregrine (empresa comprada pela HP)?, conta o executivo, que revela também ter adquirido o sistema SAP Business One (pacote ERP), para melhorar o controle sobre processos administrativo-financeiros.

Boralli revela que o foco da companhia, em 2007, será em comércio eletrônico, não dentro do perfil do início da década, quando os projetos pontocom tinham perfis diversificados, mas que exigiam esforços dos parceiros para acomodar a baixa rentabilidade. Um comércio eletrônico intermediado por empresas do mundo real, que demanda aceleradores, caching e testes de invasão. ?Hoje estamos em conversa com uma série de prospects que querem estar na web com comércio eletrônico?, adianta o executivo.

Trânsito livre

A Netimóveis, rede de imobiliárias com operação em Belo Horizonte, expandiu sua atuação para a região Sudeste, para Santa Catarina e para a Bahia, após 12 anos em operação, e contratou o serviço de data center da Diveo para suportar o aumento de tráfego produzido pela nova estratégia.

Com a nova infra-estrutura no data center, a Netimóveis percebeu aumento de 400% na velocidade de acesso ao portal. Atualmente a empresa, que reúne 60 mil imóveis em carteira e visitantes de todo o País, conta com dois servidores dedicados. Os principais pontos a serem solucionados eram rapidez, segurança e disponibilidade do portal. Com operação 100% via web, as empresas credenciadas na Netimóveis têm acesso, em tempo real, a todos os imóveis disponíveis para locação e venda.

"Escolhemos a Diveo com base no custo-benefício e nas qualidades técnicas do data center da empresa", explica Ariano Cavalcanti de Paula, diretor de Tecnologia da Informação da Rede Netimóveis. "A proposta apresentada contemplou todas as nossas necessidades, como banda flexível que comportasse todo o tráfego", completa.

De olho nas massas

A LocaWeb quer sair dos R$ 53 milhões faturados em 2006, para R$ 70 milhões este ano, oferecendo serviços de custo baixo (a partir de R$ 29/mês) a uma grande massa de clientes (usuários finais e empresas). Cristian Gallegos, gerente de marketing da empresa, revela que está nos planos deste ano o investimento de R$ 4 milhões em marketing e outros R$ 6,2 milhões em pesquisa e desenvolvimento de novos produtos, para ampliar a participação da companhia junto ao público doméstico, mas também intensificar a sua presença no mercado corporativo.

"Queremos ser o ponto único de compra de serviços da internet brasileira", diz Gallegos. A idéia passa pelo registro de domínio, blogs e e-mails personalizados para o público doméstico, além da oferta de serviços dedicados, compartilhados e de hosting de servidores e hospedagem de sites, administrados pela LocaWeb IDC, braço da companhia que se dedica à oferta de soluções para grandes corporações.

A empresa registra a marca de 85 mil clientes (de hospedagem e serviços compartilhados), pagando a partir de R$ 29 mensais. A empresa inaugurou, em maio 2006, um data center próprio, após um investimento de US$ 10 milhões, e hoje acumula 550 clientes. "Saímos de R$ 5,6 milhões de receita em data center para R$ 9,8 milhões, e a expectativa é chegar R$ 17 milhões este ano", diz Gallegos, ao explicar que a operação existe desde 2003, mas estava hospedada, até o ano passado, na Embratel.

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