Apesar de as distribuidoras de produtos de TI formarem um setor tradicional no Brasil, reunindo hoje cerca de 60 empresas e uma rede de revendas que emprega mais de 40 mil profissionais diretos, elas até agora não tinham uma associação que representasse seus interesses de forma estruturada. No mês passado, foi criada a Abradisti (Associação Brasileira de Distribuidores de Tecnologia de Informação) com o objetivo de fazer com que o mercado, incluindo os setores público e privado, entenda o papel do segmento de distribuição na área de tecnologia da informação, bem como sua relevância para fomento do crescimento da TI e de sua movimentação na economia brasileira.
O estopim para que a Abradisti fosse criada foi a reforma fiscal em junho do ano passado, que estabeleceu a substituição tributária e pegou o setor de surpresa. "O mercado sofreu um hiato de um mês, pois não havia como emitir nota fiscal. Nem os sistemas estavam preparados para isso. Teve um fabricante de equipamentos que pediu liminar a Justiça para conseguir um prazo de 60 dias para adaptar o ERP SAP", conta Mariano Gordinho, eleito primeiro presidente da entidade, que também é vice-presidente da Officer.
"Naquela ocasião fomos aconselhados pela Abinee a criar uma entidade formal, para que a mesma pudesse levar os pleitos do setor de forma coesa. Para ser ter uma idéia, o governo taxou o setor com 38% de imposto, mas depois de um estudo encomendado à Fipe esse índice caiu para 22%. Agora, anualmente, a Fipe fará um estudo independente para evitar distorções", explica.
Outro objetivo da entidade será a promoção de ações que auxiliem no combate ao contrabando, incentivando os associados a importarem tecnologias que não são industrializadas ou não estão presentes no país, entre outras atividades importantes para ascensão constante da cadeia de fornecimento. "Quando um distribuidor importa um produto que não tem um representante legal no país, ele assume as obrigações do fabricante, tais como garantia, tradução de manuais, homologações necessárias, etc.", diz Gordinho. Uma questão que está em análise e a chamada MP dos Sacoleiros, que institui o regime tributário unificado (RTU) para a importação de determinadas mercadorias do Paraguai, com alíquota de 42,25%. "Alguém mal-intencionado pode montar um esquema para se prevalecer dessa legislação", alerta Gordinho.
Para o presidente da Abradisti, o distribuidor ainda não é visto da forma como deveria, principalmente por atuar no meio do processo na relação entre fabricantes, revendas, varejo, empresas e consumidores. "Temos um papel fundamental nessa cadeia de fornecimento e é preciso não apenas ressaltar, mas evidenciar a nossa relevância na economia brasileira. Existem marcas e produtos em tecnologia que o consumidor só compra porque o distribuidor importa. A associação nasceu para falar, reivindicar e explorar os assuntos relacionados em nome de toda cadeia de distribuição."
E completa: "Vamos trabalhar para gerar essa visão mais ampla sobre nosso setor, que atualmente representa mais de 50% do volume de negócios gerados em TI no país. Vamos fazer ações para que o mercado como um todo nos enxergue de maneira ativa, como uma das principais partes que contribui para a disponibilidade e o consumo de tecnologia no Brasil".
A entidade também vai realizar pesquisas sobre o número de revendas ativas, empregos gerados pelo setor, quanto o mercado de distribuição movimenta no país, entre outros temas de vital importância para orientar as estratégias de negócios dos associados. "Já encomendados orçamentos à IDC e IT Data para realizar esse levantamento", adianta.
A associação conta com 11 empresas associadas: Abano, AGIS, Alcatéia, All Nations, Cogra, Mazer, Myatech, Network1, Officer, Pauta e SND. A norte-americana TechData também já fez sua adesão e a Ingram está em vias de fazer o mesmo. A diretoria tem mais quatro vice-presidentes: José Bublitz Machado, diretor geral da SND; Alberto Rodrigues, diretor geral da Alcatéia; Marco Antonio Chiquie, diretor geral da AGIS; e Marcos Coimbra, diretor geral da All Nations.
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