Uma semana depois de abrir uma investigação contra a Microsoft por suposto monopólio no mercado chinês, especialmente de seu sistema operacional Windows, o governo daquele país alertou a empresa nesta segunda-feira, 4, para não interferir na investigação antitruste que será conduzida pela Administração Estatal de Indústria e Comércio (AEIC) da China.
A dura advertência, raramente vista em casos comerciais e normalmente reservada para questões políticas mais sensíveis da China, como as delicadas relações com o Japão e a oposição ao Dalai Lama, mostra o quão sério Pequim está levando a investigação, num momento de crescimento das tensões entre a China e os Estados Unidos devido a questões econômicas e as denúncias do ex-analista da Agência Nacional de Segurança dos EUA (NSA), Edward Snowden, da existência de um programa de espionagem em massa das comunicações do governo americano em nível internacional.
A AEIC emitiu um comunicado em seu site como "aviso oficial" para a Microsoft obedecer a lei chinesa e "para não interferir ou prejudicar a investigação de qualquer forma", segundo o The Wall Street Journal. A China tem dado sinais claros de que o país deve se afastar das empresas de tecnologia estrangeiras e fortalecer sua indústria nacional para proteger os seus segredos. Nesta segunda-feira, 4, os órgãos reguladores chineses também questionaram a conselheira-geral adjunto da Microsoft, Mary Snapp.
Na semana passada, a AEIC anunciou que estava investigando a Microsoft em resposta às queixas sobre a política de bundling e à verificação de código para o sistema operacional Windows, utilizado na grande maioria dos computadores da China, e seu pacote de programas Office.
De acordo com a agência de notícias estatal Xinhua, os inspetores chineses fizeram cópias das demonstrações financeiras e documentos apreendidos e outros dados armazenados em computadores e servidores da empresa. Mas vários funcionários da Microsoft não puderem ser encontrados ou não estavam no país, levando as autoridades a suspeitarem tratar de uma tática para atrapalhar as investigações.
Nos últimos meses, a mídia estatal acusou a Microsoft de "abusar da sua posição dominante no mercado", acabando em abril com a atualização do sistema operacional XP, que é usado por 200 milhões de pessoas na China. No mês seguinte, o Windows 8 sistema operacional da Microsoft foi proibido de ser instalado em computadores utilizados pelo governo central, citando temores de que eles poderiam ser hackeados pelos Estados Unidos. A empresa negou qualquer irregularidade.