Os trabalhadores brasileiros acreditam que as carreiras voltadas à tecnologia terão um futuro mais promissor dentro do mercado de trabalho. Para eles, as áreas de Eletrônica, Software e Computadores estarão entre as mais emergentes. Além disso, pelo menos 60% enxergam novas oportunidades surgindo aos segmentos atrelados à tecnologia. Tais conclusões foram retiradas da pesquisa Skills Outlook Employee View, parte da série Pearson Skills Outlook, conduzida pela Pearson em parceria com o Google, lançada globalmente em abril desse ano.
O levantamento traça um panorama para entender a motivação dos trabalhadores em relação à qualificação e requalificação no mercado de trabalho nos próximos cinco a dez anos, trazendo informações relevantes sobre os comportamentos, percepções, motivações e expectativas dos consumidores. Foram entrevistados mil trabalhadores de cada país, totalizando 4 mil (empregados ou desempregados) do Brasil, Estados Unidos, Reino Unido e Índia.
O estudo também detectou que as indústrias apontadas como mais interessantes para empregabilidade mudam de acordo com cada geração entrevistada. No Brasil, para a geração Z (nascidos entre o fim da década de 1990 e 2010), as áreas de Ciência de Dados (11%) e Saúde/Farmacêutica (11%) são as mais visadas. Já os trabalhadores Millennials (nascidos entre 1981 a 1996) elencam como mais promissoras as áreas de Eletrônica/Computação (12%), Ciência de Dados (10%) e Educação (10%); por fim, para os profissionais da Geração X (nascidos entre meados da década de 1960 até 1979), a Eletrônica/Computação (9%) e a Inteligência Artificial (9%) são as indústrias do futuro.
Em todos os gêneros e países consultados, as principais indústrias de interesse para os trabalhadores estão no setor de tecnologia, mas, para os brasileiros, esse número chega a 60%; e 40% dos entrevistados do país se dizem interessados em acompanhar o que ao ecossistema tecnológico pode abrir de possibilidades para as suas carreiras no futuro.
Apesar dos desafios globais no mercado de trabalho tech, no Brasil o setor ainda sofre pela falta de profissionais qualificados. Levantamento da Brasscom (Associação Brasileira de Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação) traça uma demanda de 797 mil talentos de tecnologia entre 2021 e 2025 —em média, 159 mil ao ano no contexto nacional. O estudo também projeta um déficit de profissionais dessa área: há apenas 53 mil graduados com perfil tecnológico, número que não supre a demanda.
O dado vai ao encontro com a pesquisa da Pearson e Google. Enquanto as habilidades interpessoais como liderança, resolução de problemas, gerenciamento de projetos, comunicação e tomada de decisão (human skills) são atualmente mais valorizadas e estão sendo desenvolvidas por trabalhadores, as hard skills estão essencialmente focadas em tecnologia como AI/Machine Learning, Codificação/Programação, apontadas como capazes de garantir longevidade à carreira nos próximos cinco a dez anos.
"Apesar de vermos as grandes empresas de tecnologia diminuírem sua velocidade de contratações recentemente, no Brasil o mercado segue aquecido e ainda enfrenta um apagão profissional. Empresas de diferentes setores e portes buscam mão de obra qualificada para acelerar sua transformação digital e modernizar seus produtos e serviços. A pesquisa mostra que os trabalhadores brasileiros estão sintonizados com essa tendência e anseiam por educação e qualificação de olho no longo prazo", afirma Diego Sette, diretor de tecnologia da Pearson.
Nesse sentido, o diretor de tecnologia afirma que, em um mundo sem fronteiras, também há a grande possibilidade de um profissional de tecnologia atuar em empresas estrangeiras. "Mas, para isso, é preciso ser altamente qualificado e com um bom nível de inglês", conclui.
Aprendizado contínuo e idiomas
Os trabalhadores acreditam que o aprendizado contínuo é diferencial na carreira. Atualmente, 81% dos brasileiros entrevistados estão aprendendo ou planejando aprender novas habilidades ou inscrever-se em um programa educacional; 46% estão mais propensos a usar aplicativos ou plataformas de aprendizagem e 44% deles preferem fazer cursos de curta duração. A maioria, inclusive, sugere que as universidades deveriam oferecer mais programas não acadêmicos aos adultos que já trabalham.
No Brasil, o domínio de idiomas é uma prioridade e está em primeiro lugar no ranking para que as pessoas possam avançar em suas carreiras, de acordo com a pesquisa. Mais da metade dos entrevistados acredita que aprender inglês pode ajudá-los a crescer na carreira profissional. Independentemente de geração, trabalhadores do EUA, Reino Unido e Índia afirmam que as habilidades interpessoais, como tomada de decisão e resolução de problemas, são consideradas necessárias para progressão na carreira e habilidades em desenvolvimento.
Para Diego Sette, o fato de o aprendizado por meio de plataformas online e aplicativos serem vistos como os mais procurados mostra o crescimento de ferramentas tecnológicas na educação e qualificação. "Posso citar o aumento do aplicativo Mondly by Pearson por brasileiros, onde é possível aprender inglês e 40 outros idiomas por meio do app, site, e mesmo com realidade virtual e produtos de realidade aumentada. Verificamos também uma democratização da educação cada vez maior por meio de ferramentas que aprimoram a experiência do usuário, com sistema de reconhecimento de voz, gamificação, recursos de acessibilidade para daltônicos, disléxicos e pessoas com baixa visão, além de outros voltados para crianças", completa o executivo.