THE WALL: a tecnologia e o protagonismo dos alunos

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Não precisamos de educação,

Não precisamos de controle mental,

Nada de sarcasmo  na sala de aula!

Professores, deixem as crianças em paz!

Ei, professores! Deixem as crianças em paz!

Afinal, somos simplesmente mais um tijolo no muro!

(Another brick in the Wall, Pink Floyd: tradução livre)

Nos idos de 1979, com a música "Another Brick in the Wall, a banda de rock Pink Floyd já criticava o sistema educacional opressor e alienante, que formava alunos para serem simples partes de um sistema.

Nesta época, em várias escolas e universidades de várias partes do mundo, a educação era praticada de tal forma que os professores falavam e os alunos ouviam. A voz dos alunos era destinada apenas à leitura de algum texto e a perguntas eventuais, nem sempre bem-vindas, e debates eram praticamente inexistentes durante a aula. Ditados eram comuns, assim como extensos "deveres de casa". E para ser autorizado a ir à "casinha" o aluno deveria levantar o braço e esperar – mesmo se fosse urgente.

O Prêmio Nobel de Física Richard Feynman, que lecionou na Federal do Rio de Janeiro nos anos 1950, comentou em suas memórias que seus alunos eram inteligentes e dedicados, mas condicionados a decorar e não a pensar, contestar e debater – segundo ele, desta forma, não era possível produzir conhecimento.

Se não queremos formar alunos para serem partes do sistema e repetidores de conteúdos, mas queremos que eles sejam capazes de produzir conhecimento, criar soluções novas para problemas novos e antigos, exercerem seu protagonismo e sua cidadania, precisamos de metodologias que se distingam, e muito, do ensino tradicional criticado por Pink Floyd.

É necessário que os alunos tenham a oportunidade de refletir e discutir, de ouvir e ser ouvido, de resolver problemas, criar produtos, argumentar, buscar informações, duvidar delas, entre muitas atividades além de escutar o professor em silêncio. Para isso, não é necessário usar tecnologia. No entanto, atualmente, há tecnologias que permitem aos alunos ir muito além da sala de aula e exercerem seu protagonismo não só na instituição de ensino, mas no mundo.

Hoje já existem, só para citar os recursos tecnológicos mais básicos, ferramentas de busca para encontrar informações que estão na rede, plataformas de streaming de vídeo que permitem receber conteúdo em formato de vídeo, e ferramentas que possibilitam a interação síncrona e assíncrona entre quem está distante fisicamente e que facilitam a troca entre quaisquer pessoas que estejam em qualquer lugar do planeta. Todos esses recursos podem fazer parte – e, em muitas instituições já fazem parte – das rotinas educacionais, do mesmo modo como já estão presentes e totalmente integrados ao mundo do lazer e do trabalho.

Vejamos como alguns recursos tecnológicos podem ser usados em uma formação que ultrapasse os limites da sala de aula e do ensino tradicional:

Conteúdos em nuvem:  Esta inovação tecnológica viabilizou o acesso a volumes antes inimagináveis de dados seja para qualquer dispositivo com acesso à internet, a qualquer momento. O acesso a informações foi ampliado exponencialmente, e os estudantes deixaram de depender do professor e do livro didático como principais fontes de informação, permitindo-lhes ampliar seu conhecimento conforme seu interesse e sua curiosidade sem as limitações da sala de aula.

Multimídia: Com tecnologia, atualmente é possível transmitir conteúdo em diferentes formatos com muita facilidade. É cada vez mais fácil ter acesso a conteúdos que mesclam texto, imagens, infográficos, vídeos, áudios, animações, mapas interativos, simulações entre outros recursos que permitem visualizar os mais variados conceitos. É cada vez mais fácil para um aluno acessar ou para uma escola oferecer conteúdos em multimídia engajadores, que acabam estimulando a leitura de textos e do mundo.

Recursos de ensino personalizado e adaptativo: Atualmente já existem plataformas que usam sistemas inteligentes para identificar as dificuldades dos alunos e que ajustam os planos de ensino, personalizando o material disponibilizados para os alunos. Além de mostrar ao aluno o que ele deveria aprender, estas plataformas de ensino adaptativas são capazes de revelar  quando um aluno demonstra conhecimento sobre determinado assunto, ou domínio de habilidades e o aluno entende que não precisa mais dedicar tempo a essas questões e que pode se dedicar a outras aprendizagens. A possibilidade de esse tipo de ferramenta tornar o processo de ensino e aprendizagem de conteúdos e habilidades específicas mais rápido é indescritível.

Gamificação: E quem disse que a aprendizagem precisa ser chata. Os recursos de gamificação apresentam desafios individuais ou para grupos, tornando a aprendizagem mais lúdica e interativa. Um dos grandes benefícios dos aplicativos para a educação é o estímulo dos alunos a aprender mais assuntos de maneira diversificada e divertida e ainda ajudam os alunos mais distraídos a manter o foco.

Ambiente virtual de aprendizagem: Os ambientes virtuais de aprendizagem, também chamados pela sua sigla AVA permitem a realização de atividades de aprendizagem online, tanto de forma síncrona como assíncrona, conectando alunos, professores e conteúdo digital. Os alunos têm acesso aos conteúdos, às avaliações, ao feedback sobre seu desempenho, conseguem interagir com professores e colegas, enviar trabalhos e realizar inúmeras outras ações de aprendizagem. Todas as ações do aluno em um AVA ficam registradas, o que permite que estudem a qualquer hora e em qualquer lugar com acompanhamento do professor.

Relatórios: Como já mencionado em relação ao AVA, a possibilidade de diferentes tecnologias oferecerem relatórios sobre a atividade dos alunos é  de enorme utilidade para os professores. Os alunos conseguem interagir livremente nas plataformas de aprendizagem e os professores conseguem acompanhá-los de longe. Os relatórios digitais trazem informações relevantes para o professor sobre avaliações diagnósticas muito mais rapidamente do que as avaliações em papel. Eles também permitem observar o que os alunos estão acessando, se estão progredindo, se estão precisando de ajuda, permitindo ao professor adequar suas estratégias de ensino e aprendizagem às necessidades do aluno e da turma.

Não é à toa que o pensador de comunicação Marshall McLuhan já dizia em 1974:  Teaching and knowledge are subversive in that they necessarily substitute awareness for guesswork, and knowledge for experience. It is simply necessary to know." ("O ensino e o conhecimento são subversivos porque necessariamente substituem a adivinhação pela consciência e a experiência pelo conhecimento. É simplesmente necessário saber").

Com as novas metodologias de ensino, novas práticas pedagógicas e um novo papel para o aluno no processo de aprendizado, conseguiremos superar as limitações do ensino tradicional.

Peterson  Theodorovicz, especialista em tecnologia para aprendizagem e diretor da D2L Brasil.

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