O presidente da Associação Brasileira de Educação a Distância (Abed), professor Frederic Litto, afirmou nesta segunda-feira (4/9) que a legislação brasileira precisa ser atualizada para que a educação a distância possa superar problemas e avançar no país. Segundo ele, a legislação avançou bastante em relação a dois ou dez anos atrás, mas precisa ser atualizada, principalmente no que diz respeito à territorialidade e à exigência de exames presenciais no fim dos cursos a distância.
Atualmente, o estado onde o aluno reside precisa aprovar o curso que já foi autorizado no estado onde está localizada a instituição de origem. Se essa instituição quiser oferecer o curso em todo o país, o processo tem que se repetir em cada estado. ?As barreiras políticas e geográficas entre estados têm que desaparecer quando se trata de educação a distância. A internet e a radiodifusão não conhecem limites políticos?, argumentou.
Litto também questionou a exigência do exame presencial no fim do curso, que, segundo ele, muitas vezes torna inviável o ensino a distância. ?Fica muito difícil, por exemplo, para um aluno que mora no estado do Pará ou Amazonas, que está fazendo curso a distância na Universidade Federal de Santa Maria, ir para o Rio Grande do Sul fazer o exame presencial. ?Se todo o curso é feito a distância, por que não o exame também?. Se a idéia é facilitar a vida do aluno que mora num lugar bem longe das capitais, porque obrigá-lo a gastar uma pequena fortuna para se locomover??, questionou o presidente da Abed.
O professor sugeriu que a avaliação fosse feita por meio de monografias, pelo envio de portfólios dos alunos e pela sua participação ativa durante o curso.
Quanto às barreiras legais, Litto destacou que, só no fim do ano passado, o Brasil passou a reconhecer diplomas de cursos a distância obtidos em universidades do exterior. ?Temos 800 anos desde que as primeiras universidades surgiram na Europa medieval e reconhecem diplomas de outras universidades na base da reciprocidade.?
Ele também falou sobre os desafios da educação a distância. Para ele, é necessário aumentar o uso do rádio e da TV para a educação em todos os níveis: fundamental, médio, superior e educação continuada de adultos. ?Embora a internet seja importante, por causa da interatividade que proporciona, quando nós reconhecemos que a televisão e rádio chegam a quase a todas as casas, nós vamos usar televisão e rádio no curto prazo para graduar mais alunos a em todos os níveis, o que é muito importante para termos um povo mais educado e qualificado, afirmou.
Litto lembrou que o Brasil era um dos líderes mundiais na educação a distância na década de 70, com programas como o Telecurso e os projetos Minerva e Saci, mas considerou que houve relaxamento, falta de investimentos e o desuso da educação a distância. Segundo ele, agora é necessário formar uma nova geração de profissionais capacitados na área.
As fronteiras da educação a distância em todo o mundo estão em debate desde domingo (3/9), no Rio de Janeiro. O encontro, realizado a cada dois anos, reúne até quarta-feira (6/9) cerca de 1,2 mil especialistas, pesquisadores e gestores de 79 países. Além de acompanhar debates e palestras os integrantes da conferência participam de sessões de estudos de caso, em que há troca de experiências de sucesso e também de iniciativas mal sucedidas na busca pela qualidade na educação a distância.
Com informações da Agência Brasil.