A busca pela eficiência nos serviços de saúde complementar passa pelo uso intensivo da tecnologia. A tecnologia é parte do arsenal de ferramentas que as operadoras de saúde possuem (e já utilizam), para aumentar os benefícios aos seus assistidos e consequentemente implementar seus negócios. O tema foi discutido no Fórum de Saúde Digital, promovido pela TI Inside, na última segunda-feira,2.
Atualmente este arcabouço tecnológico possibilita o acesso a diversos painéis de indicadores, usando tecnologias de machine learning, big data e advanced analytics, além de inteligência artificial, detectando gastos que são desnecessários e que não beneficiam os assistidos pelos planos. Para dar uma ideia, de acordo com a Associação Médica Americana e com o Instituto de Estudos de Saúde Complementar, de 20 a 30% dos gastos de saúde acabam sendo desperdiçados.
São exames que nunca são buscados, consultas que não são eficazes por não serem na especialidade correta, idas e voltas ao Prontos Socorro por resfriado e dores de cabeça, tudo isso incidindo em gastos, desperdício e até mesmo fraudes ao sistema.
No entanto mais que a eficácia na entrega de um serviço de excelência ao clientes, a tecnologia vem suportar um modelo de gestão mais eficiente, conforme aponta Dr. Ricardo Ramos, presidente da ASAP (Aliança para Saúde Populacional) e vice presidente da Funcional Health Tech, que indica um novo fenômeno no mundo dos negócios de saúde proporcionado pela própria tecnologia que são as Healthtechs.
"Este novo modelo de negócios está explodindo em quantidade nos últimos anos no Brasil e no mundo, não somente através de startups, incubadoras e aceleradoras, mas também em companhias de maior porte que têm investindo muita energia e dinheiro nesse setor. Hoje, existem três grandes frentes de atuação das healthtechs: aquelas que desenvolvem soluções para o usuário ou paciente; aquelas que contribuem com médicos na sua condição clínica e; aquelas que visam ajudar a sustentabilidade financeira do setor de saúde, buscando melhorar a sua eficiência assistencial", explicou.
As healthtechs buscam sustentabilidade no setor, por meio de machine learning e inteligência artificial, integrando informações e aplicando metodologias inovadoras que garantem aos gestores uma ampla possibilidade de ações que até então não existiam.
Para Erika Fuga, diretora de Sinistro de Saúde da SulAmérica, um outro aspecto da gestão tecnológica dos serviços de atendimento a saúde é a revolução proporcionada seja no negócio da saúde seja na experiência do paciente. "As ferramentas de diagnóstico e tratamento estão possibilitando um acesso cada vez mais amplo, digital e de qualidade à assistência médica adequada aos pacientes ", reforçou a diretora.
Ela contou que a empresa vem construindo um novo modelo assistencial, com vias de acesso amplamente conectadas e uma jornada mais coordenada e efetiva da saúde aos seus beneficiários. "A telemedicina é um pilar dessa estratégia porque nos permite conectar pessoas e processos de forma rápida e segura. Neste ano, por exemplo, lançamos o Médico na Tela, um serviço inovador que possibilita aos segurados responsáveis por crianças de até 12 anos solicitar uma videochamada com o médico pediatra para receber orientações de saúde de qualquer lugar do País com conexão à internet", explicou.
Além do atendimento personalizado de saúde, a organização também investiu em tecnologia para melhorar a gestão do próprio negócio. Ela conta que até 2014 a SulAmérica enfrentava o desafio de analisar as contas médicas de forma mais eficiente e inteligente. "Até então, a análise era baseada em regras sistêmicas fixas, mas entendemos que teríamos mais eficiência se acoplássemos ferramentas de analytics mais avançadas". Após implantar o sistema, a empresa passou a conseguir analisar todo o conjunto de contas médicas que recebe, aproximadamente 2 milhões de contas por mês, e receber um score para desviar as contas com maior risco, ou seja, possibilidade de fraude ou abuso.
Caroline Arede, co-fundadora da Oli Saúde, destacou que para sua empresa "a tecnologia é a única forma de conectar todos os atores (operadoras, prestadores de serviço e os próprios consumidores) e alinhar os seus interesses, com o objetivo de garantir a sustentabilidade de todo o sistema".
Segundo a diretora executiva da Qualirede, Vilma Dias, o modelo de gestão utilizado pela companhia dá ênfase à prevenção e ao acompanhamento individualizado, atuando como um filtro que melhora a qualidade de vida do usuário ao mesmo tempo que em racionaliza o atendimento, evitando procedimentos desnecessários e reduzindo a complexidade do atendimento.
"A gestão da saúde no Brasil, por seu volume, necessita de soluções sustentáveis para os cuidados de saúde e assim como para garantir três grandes metas no atendimento: qualidade de cuidado, uso racional dos recursos e percepção de melhor cuidado pelos beneficiários", salientou.
Rodrigo Rodrigues Aguiar, diretor de desenvolvimento setorial da ANS, ressaltou em sua apresentação que a qualidade dos dados e a confiança entre os diversos agentes da cadeia de saúde suplementar – contratantes, operadoras de saúde e rede de assistência à saúde – são os principais pilares para promover melhorias nesse sistema.
Aguiar disse que apesar da maior capacidade de investimento da Saúde Suplementar em novas tecnologias ainda há um grande desafio que nem todo tipo de solução é adequado para o tamanho desta complexidade. "É fato que a tecnologia vem preencher uma lacuna importante para o setor e o que mais falamos é sobre como superar estes desafios e obstáculos na saúde suplementar. Ainda há muitas barreiras a serem vencidas e as ferramentas vem atender muitos destes aspectos", conclui.