Presidente da Vivo propõe criação de S/A para 3G

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A criação de uma empresa para gerenciar as redes das operadoras móveis foi a proposta apresentada pelo presidente da Vivo, Roberto de Lima, durante a Futurecom, nesta terça, 3/10.

Os bens dessa nova empresa, montada no modelo de S/A, seriam os ativos doados pelas operadoras que se tornariam acionistas do empreendimento. Na prática, as redes seriam totalmente separadas das operações.

Assim, todas as empresas se tornariam virtuais, como as MVNOs, ainda não regulamentadas no Brasil, mas cada vez mais discutidas. A empresa administraria todas as redes, integradas em apenas uma, com 94 milhões de usuários.

Qualquer empresa que quisesse prestar serviço como uma operadora virtual poderia contratar a S/A. Além disto, há uma chance de uma aliança desse tipo enterrar o WiMax, porque empresas de qualquer porte, mesmo nas regiões mais distantes, poderiam contratar a infra-estrutura para atender até a uma reduzida carteira de usuários.

A idéia é uma evolução da hipótese admitida pelo presidente da Claro, João Cox, em setembro, de compartilhar a rede com a Vivo, no caso de a concorrente não conseguir terminar o overlay GSM até novembro. Na ocasião, Lima gostou da idéia, mas agora foi muito além. ?É muito simples e dá muito dinheiro?, argumentou, explicando que o modelo atual é altamente ineficiente. Agora, entretanto, Cox tem restrições: ?Não tenho nada contra compartilhar sites, mas a nova proposta é diferente?, comentou com TELETIME News. ?Não vejo necessidade (de criar uma S/A para administrar as redes). As redes já estão prontas, é complicado.?

Incompatibilidade

Entre os problemas está o fato de a rede CDMA da Vivo ser incompatível com o restante do mercado, com tecnologia GSM. Mas como a empresa fará overlay GSM, Lima não vê qualquer problema na integração.

?A própria rede CDMA poderá ser compartilhada?, sugere o executivo, minimizando o fato de que não há outras operadoras com essa tecnologia. Lima recorre ao seu expertise na área financeira para criar o projeto. Lembra que as administradoras de cartões de crédito Redecard e Visanet e o Banco 24 Horas criaram estrutura semelhante, integrando a infra-estrutura de todas as instituições envolvidas, mas preservando a competição.

Afirmou que discutiu o assunto com a Anatel, que foi reativa porque a tecnologia pode evoluir para W-CDMA e HSDPA. Para Luiz Francisco Perrone, vice-presidente de planejamento estratégico e assuntos regulatórios da Brasil Telecom, "a proposta do presidente da Vivo tem que ser estudada com muito cuidado". Seria necessário, segundo o executivo, primeiro analisar onde a infra-estrutura seria criada e qual seria a cobertura.

"Essa nova empresa seria de infra-estrutura ou de serviço?", pergunta Perrone. Ele se diz a favor "de tudo que permita cortar custos e prestar melhores serviços". Perrone se disse disposto a conversar com o presidente da Vivo "para conhecer melhor os detalhes da proposta".

Boa em conceito

A proposta foi bem recebida pelo superintendente de desenvolvimento de produtos da CTBC, Eduardo Rabboni. Consultado por este noticiário, Rabboni disse que a idéia conceitual é boa, porque oferece ganho de escala, mas haveria alguns problemas.

Todas as redes teriam que ser integradas, mas haveria problemas de controle porque não é possível ligar todas as estações radiobase no mesmo processador, por serem de gerações tecnológicas distintas. ?Mas, sem dúvida, nos interessa?, reafirmou. Por isto, sugere que para dar certo teria que ser criado um grupo de estudo com técnicos. Teria que ser decidido também se a interoperabilidade seria completa ou com restrição.

A grande beneficiada, de imediato, seria a Vivo, pois com o overlay, a nova rede GSM ou a CDMA poderá ficar subutilizada. Neste caso, o compartilhamento seria uma solução, opina Rabboni.

O presidente da Telemar/Oi, Luiz Eduardo Falco, considera viável o compartilhamento em novos serviços, mas não da rede já existente. ?O acordo é para frente, com um investimento novo, não pode penalizar quem já investiu e agora teria que compartilhar?, diz. Ele admite, por exemplo, as empresas unirem-se para oferecer redes 3G em um Estado. ?Isso economizaria Capex e poderia viabilizar o serviço financeiramente.?

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