Para as empresas de telecomunicações, a chegada da TV digital e da tecnologia de IPTV no País não atrairá a população caso seja feita apenas uma transposição da televisão atual para as novas plataformas.
Representantes das empresas, em debate no congresso Futurecom, concluíram que é necessária a introdução de novos serviços.
?A gente não só tem que discutir se existe a demanda ou não. O importante é a conveniência desse negócio. Eu sempre digo à minha equipe que ela precisa entender mais de comportamento do que de tecnologia?, contextualiza o diretor de novos negócios da Oi, José Luís Volpini.
Na opinião dos executivos da área, o ideal é fazer com que a TV digital seja mais parecida com um computador. A opinião é embasada em pesquisas internacionais que mostram que o consumidor é hoje mais disposto a abrir mão da TV do que do computador em suas casas.
?O consumidor final não dá a mínima para o sistema de oferta. Por isso não adianta fazer uma cópia (da TV aberta) para a TV digital. Ele quer algo mais?, afirma o Jesper Rhode Andersen, vice-presidente de multimídia da Ericsson.
O gerente de desenvolvimento da Cisco, Bruno Fleury, concorda que a diversidade será o segredo do sucesso nesses novos serviços.?A batalha vai ser travada pela qualidade da experiência e por conseguir entregar ao consumidor o que ele quer?, comentou o executivo. A IBM também está alinhada com esta idéia. ?É importante criar o conteúdo certo para cada segmento?, declarou Manzar Feres, sócia da IBM Business Consulting Services.
Cuidados
O alinhamento das idéias em torno de uma oferta mais ampla usando as novas tecnologias para TV esbarra em outro senso comum no setor de telecomunicações: a falta de uma infra-estrutura ampla o suficiente para chegar a todos os consumidores potenciais.
?É preciso universalizar a banda larga?, resume o diretor de tecnologia da Huawei, Marcelo Motta. Fazem coro o gerente de marketing e desenvolvimento de negócios da Motorola, Roberto Shingueo Suzuki, e o diretor de desenvolvimento de negócios da Telefônica, Gilberto Sotto Mayor Júnior.
Um detalhe lembrado pelo diretor de TV digital do CPqD, Juliano Castilho, é que o setor deve ter foco nos serviços realmente relevantes para o consumidor, descartando desde já aplicações inúteis que não atraem a clientela.