Empresas brasileiras de TI devem aproveitar momento para se destacarem no mundo, dizem especialistas

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As empresas brasileiras de serviços de TI estão perdendo a oportunidade de se colocar à frente das fornecedoras de outros países no mercado mundial, dada a situação econômica favorável que vive o Brasil. Esta é a opinião de analistas da indústria em painel no Brasscom Global IT Forum, evento realizado em paralelo ao "Ideas Economy: Brazil the Next Level of Competition", fórum da Economist Intelligence Unit, área de pesquisas da revista britânica The Economist.

A análise tem como base o cenário de crescimento das companhias de tecnologia da informação locais, frente às incertezas econômicas em mercados como Estados Unidos e Europa. Entre as deficiência das companhias brasileiras, apontadas por eles, está a falta de posicionamento, em busca de atingir mercados domésticos na América Latina. "Vemos empresas que focam muito no mercado americano e não veem oportunidades muito mais próximas. A Colômbia, por exemplo, representa 11% de participação no mercado de TI da região. Por que não estar lá?", provoca o CEO do Neogroup, Atul Vashistha.

Outro erro apontado pelo executivo é a insistência das fornecedoras de serviços de se espelhar na Índia e oferecer serviços "comoditizados" de TI, em vez de utilizar os aspectos de criatividade e empreendedorismo para encontrar serviços especializados e soluções de nicho, com alto valor agregado. "Os clientes querem parceiros para guiá-los à inovação, por isso as empresas indianas estão enfrentando dificuldades com grandes clientes nos Estados Unidos e Europa", explica Vashistha, apontando também o alto custo da mão de obra local e escassez de profissionais capacitados.

O vice-presidente de pesquisas do Gartner, Cassio Dreyfuss, não poupa críticas as políticas governamentais para o setor. Segundo ele, ao contrário do discurso do governo federal, não há incentivo no sentido de colocar a TI como prioridade entre os setores da indústria. "Vimos uma série de pequenas medidas que vão contribuir com apenas 15% de crescimento. Se querem realmente um desenvolvimento completo da cadeia de hardware e software, o Brasil deve se espelhar no Chile e na Índia e fornecer incentivos reais ao setor", dispara, em alusão à desoneração de folha de pagamento e às parcerias público-privadas (PPP) contempladas no Plano Nacional de Banda Larga, por exemplo. "O Brasil pode até estar no caminho certo, mas ainda é muito pouco, são iniciativas completamente insuficientes", afirma Dreyfuss.

Para o diretor de pesquisa da Forrester Research, Chris Anderson, essas deficiências refletem na falta de posicionamento de marca das companhias de TI brasileiras. "Qual a posição que vocês querem tomar? Serviços para o governo, para grandes empresas, para indústria? Escolham um foco e se especializem", aconselha. Ele lembra que, cada vez mais, orçamentos de  TI estão migrando para áreas que mostrem real valor estratégico. Por isso, Anderson também defende que as companhias locais se afastem de soluções em massa e baratas para focarem em software e soluções capazes de aumentar a produtividade, em vez de produtos "empacotados".

Todos os especialistas concordam que as companhias brasileiras de TI têm uma imensa perspectiva na área de mobilidade, com o crescimento do uso de dispositivos móveis no país. "Se espelhem na área de jogos, que pensou na experiência do usuário, migrando do PC para tablets. Os CEOs estão atentos e querem aplicações corporativas que ampliem o uso da computação, saindo do computador e partindo cada vez mais para o uso de smartphones e tablets", finaliza Anderson.

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