Diante da competitividade do mercado, não é mais uma opção para as empresas a análise, melhoria e transformação de seus processos. A dinâmica do mercado e o comportamento mais competitivo e agressivo em relação a prazos e preços, exige um novo posicionamento das empresas. Quando nossa equipe observa o cenário atual, vemos que não é apenas através de otimizações e melhorias nos canteiros de obras que teremos resultados que nos tornarão as empresas mais eficientes e assim, mais competitivas.
Estamos passando por um momento de constantes oscilações de preços de matéria prima e commodities. Pensar que o valor se concentra somente na tangibilidade de um produto, é um engano. Na verdade, o valor de um processo produtivo pode surgir nas práticas de gestão que levam a ganhos de eficiência e inteligência para atar de forma preditiva e estratégica, bem como ágil no apoio a solução de problemas das operações, o que no lean chamamos de cadeira de ajuda.
Por isso, o pensamento lean é uma abordagem e filosofia de melhoria contínua que já é consolidada como sistema de gestão e produção em diversos segmentos da economia mundial: da indústria automobilística à manufatura, linhas de cuidado, healthcare, serviço e claro, também na construção. Não se trata apenas de ter como objetivo satisfazer os clientes, o lean compreende a busca por estratégias para atender as expectativas e necessidades de todas as partes interessadas, ou todos os "clientes internos". Estes envolvem os colaboradores, acionistas, fornecedores e, cada vez mais, a sociedade de forma geral.
Então, as empresas desenvolveram planos de ação baseados nos princípios do lean: planejamento estratégico de longo prazo, processo, pessoas e solução de problemas. Com base nesses objetivos, podemos eliminar desperdícios, reduzir custos e maximizar a eficiência operacional e o valor da entrega.
A filosofia lean se tornou um conjunto de práticas e princípios de sucesso e conquistou espaço para ser aplicada em contextos diferentes, incluindo a construção civil. Assim surge a pergunta: é possível aplicar os princípios do lean em processos administrativos?
Sim, é possível. E precisamos falar cada vez mais de sua aplicação em setores diversos, porque o lean é uma filosofia de gestão que deve permear todo o fluxo de valor de uma organização para potencializar seus resultados. Compreendi que muitas organizações dividem seus departamentos de forma a focar em melhorias e entregas locais, e não globais. Esse é um erro muito comum. É importante que saibamos responder perguntas como: as áreas da minha empresa sabem quais produtos entregam? Ou quais as informações precisamos para construir esses produtos, por exemplo? Quem fornece essas informações e como? Quais os processos necessários para a entrega dos produtos? Por fim, mas não menos importante, quem são meus clientes, internos ou finais e qual a percepção deles sobre os produtos ou serviços que ofereço?
Se não sabemos responder essas questões, imagine quantos desperdícios estão escondidos atrás das respostas desconhecidas e as melhorias que poderiam ser implementadas através da pergunta correta e da análise das informações que estão nos nossos processos?
Desde o escritório até o canteiro de obras, colaboradores engajados com o propósito fazem toda a diferença. Por isso, acredito que o primeiro passo para iniciar a jornada lean num ambiente de escritório, é tratar as atividades administrativas como um processo, como ocorre em uma construção.
Fluxos enxutos, além de simplificarem as tomadas de decisão, permitem rápidas adaptações. O próximo passo, é a melhoria contínua. A busca por estratégias que garantam um desempenho melhor não pode parar. A evolução das novas tecnologias também não para, e o mercado se modifica e se adapta constantemente.
Temos muito trabalho pela frente para eliminar lacunas na comunicação e conectar cada vez mais as áreas, reduzindo os obstáculos entre elas. E a filosofia Lean, sem dúvidas, pode ser uma grande aliada para entender as respostas que o seu negócio precisa.
Bernardo Etges, Engenheiro Civil formado pela UFRGS e Co-fundador da Climb Consulting.