O software intermediário (middleware) da TV digital, mais conhecido como Ginga, já está disponível no Portal do Software Público Brasileiro (www.softwarepublico.gov.br), que é gerenciado pela Secretaria de Logística e Tecnologia da Informação (SLTI) do Ministério do Planejamento.
Como o software é público, qualquer pessoa pode ter acesso ao código-fonte da ferramenta mediante cadastramento no portal. A intenção da SLTI com esse compartilhamento é possibilitar a melhoria da ferramenta e a evolução de suas linguagens. Disponibilizado em julho deste ano no portal, o Ginga já conta com uma comunidade de cerca de 1,7 mil membros.
O Ginga permite o desenvolvimento de aplicações interativas para a TV digital de forma independente da plataforma de hardware dos fabricantes de conversores de acesso (set-top boxes). Esses terminais são necessários para o recebimento do sinal digital nas residências. O software também possibilita que os conteúdos sejam exibidos por diferentes sistemas de recepção como televisão, celular e PDAs.
Resultado de anos de pesquisas lideradas pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) e pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB), o software reúne um conjunto de tecnologias e inovações brasileiras que, de acordo com seus desenvolvedores, o tornam a especificação de middleware mais avançada e, ao mesmo tempo, mais adequada à realidade do país.
Segundo o professor do Laboratório TeleMídia do Departamento de Informática da PUC-Rio e responsável pelo projeto, Luiz Fernando Gomes Soares, o middleware do Ginga é o único desenvolvido em software livre no mundo. Ele explica que já existiam ferramentas livres para a transformação de conteúdos em sinal digital, mas ainda não havia nenhuma solução livre para a interface de apresentação dos conteúdos da TV digital para o telespectador. Segundo Soares, o Ginga é um projeto pioneiro porque reúne essas duas funcionalidades.
O projeto é uma iniciativa de vários grupos que envolvem a Associação de Software Livre (ASL), a Rede de Informações para o Terceiro Setor (Rits), o Comitê para Democratização da Informática de Pernambuco (CDI-PE), do Tangolomango, da Universidade Federal da Paraíba UFPB e da PUC-Rio.
O Portal do Software Público Brasileiro, lançado em abril deste ano no 8º Fórum Internacional de Software Livre, em Porto Alegre, é um ambiente colaborativo que disponibiliza soluções livres desenvolvidas no âmbito dos governos federal, estaduais e municipais para o aprimoramento dos aplicativos ali disponibilizados. Atualmente, outras onze soluções já estão disponíveis no portal e o número de membros das suas comunidades já ultrapassa 13 mil.