Se olharmos um pouquinho para além dos últimos anos, podemos afirmar, com tranquilidade, que a Inteligência Artificial (IA) sempre habitou um espaço de destaque no imaginário das pessoas. Naturalmente, com o avanço do tema sobre vertentes importantes de nossa sociedade – isso a nível global –, é esperado que dúvidas e questionamentos façam parte do debate, na medida em que a tecnologia ganha cada vez mais espaço na rotina de um aspecto crítico de nossas vidas, que é o trabalho.
Antes de qualquer coisa, entendo ser fundamental deixarmos pensamentos radicalizados para trás. É muito difícil abordar um tema dessa magnitude de maneira absoluta, estabelecendo parâmetros e concedendo respostas irredutíveis sobre o que 'o futuro da IA reserva para o mundo do trabalho'. Sei que é algo que gera interesse e não poderia ser diferente, mas mais do que estipular situações que dependem, invariavelmente, de circunstâncias e até métodos de gestão adequados, opto por centralizar o foco em uma transformação que tem, de fato, acontecido na relação entre Inteligência Artificial e trabalho. E os bons frutos já estão sendo colhidos!
Recentemente, um estudo elaborado pelo LinkedIn ouviu cerca de 1,5 mil profissionais brasileiros sobre o uso da IA no dia a dia de trabalho. Enquanto 74% dos entrevistados acreditam que a Inteligência Artificial mudará a forma como trabalham no próximo ano, quase metade, 48%, assumem que já utilizam ferramentas do tipo em seus cotidianos. São dados que exemplificam o nível de consolidação do tema em nossa realidade empresarial. Porém, o que justifica, exatamente, um processo tão acelerado?
Em termos produtivos, IA é aliada imprescindível!
As empresas, de maneira geral, costumam adotar uma postura de aprimoramento contínuo, no intuito de superar práticas antiquadas e manter um bom nível de produtividade com seus profissionais, a fim de conquistar melhores resultados e, por decorrência, firmar novos negócios. O que muitos deixam passar, é que a Inteligência Artificial nada mais é do que um próximo passo a ser assimilado sob esse mesmo objetivo.
Não se trata de ofuscar o protagonismo das pessoas, que deve permanecer intacto, mas de municiá-lo com soluções e ferramentas capazes de potencializá-lo. Para tanto, também é essencial que as empresas olhem para o amadurecimento cultural como um fator de enorme influência sobre a receptividade e o nível de preparação para que esse aporte seja devidamente utilizado, respeitando períodos de adaptação necessários para mudanças como essa. Ressalto: a introdução da IA no mundo corporativo não está livre de desafios, mas é possível agir para que esses obstáculos não retirem de pauta uma enormidade de benefícios transformadores para milhares de profissionais.
Na linha de frente, temos observado a Inteligência Artificial e seu poder como assistente virtual, automatizando etapas corriqueiras, refinando dados para melhores decisões e retirando dos colaboradores tarefas altamente exaustivas. Seja para agilizar o tempo gasto com demandas secundárias, como a construção de e-mails corporativos e a geração de relatórios detalhados, o hall de possibilidades aberto pela tecnologia só tende a crescer.
Sem dúvidas, a IA Generativa tem despontado na linha de frente como um case de sucesso. Popularizada, acessível e de simples utilização, esse braço tecnológico simboliza o propósito da máquina em funcionar como um agente facilitador, trazendo respostas satisfatórias para situações comuns em qualquer organização, pequena, média ou de grande porte. No Marketing, isso significa ter o apoio de uma inteligência desenvolvida para afiar a criação de conteúdo, na Comunicação Interna ou no RH, ter direcionamento ainda mais estratégico, com insights para melhorias de comunicação e gestão de pessoas.
Outras metodologias também são relevantes e abrem portas para reflexões bem-vindas. A computação em nuvem, ou cloud computing, vem à tona como um trunfo interessante para o armazenamento e a segurança dos dados. A RPA (Automação Robótica de Processos, em tradução livre), proporciona projetos robustos de reformulações profundas nas estruturas organizacionais, denotando um patamar avançado de eficiência operacional.
A Inteligência Artificial chegou para ficar: como vamos lidar com isso?
A relação da IA com o mundo do trabalho, de certo, continuará em um modus operandi evolutivo. Novas exigências serão colocadas à mesa, para que a IA acabe normalizada (e democratizada) no espaço corporativo. Porém, é crucial entendermos que esse não é um processo realizado da noite para o dia, sem esforços voltados para a adequação das culturas organizacionais e o modo que produtos e/ou serviços digitais serão inseridos na vida dos profissionais.
Obstáculos podem e devem surgir. Mas não como impeditivos ou entraves de iniciativas promissoras, e sim como convites para debatermos e analisarmos como e onde a Inteligência Artificial terá condições de impactar positivamente a atuação das pessoas. Nós, enquanto seres humanos, permaneceremos donos de nossas próprias jornadas, com habilidades que nos são únicas. Em nenhuma hipótese, devemos visualizar a IA como um meio para substituir profissionais e eliminar suas autonomias.
Para as empresas, essa é a nova realidade dos fatos, e com um grau elevado de amadurecimento e construção de colaboradores em sintonia com as últimas tecnologias, conseguiremos observar o mérito por trás de uma união produtiva entre partes que não são – ou que não deveriam ser – necessariamente opostas.
Gustavo Helou, sócio e fundador da QWize.