A Vero e a Americanet concluíram a fusão entre as companhias nesta sexta-feira (1/12), criando um ISP de banda larga com faturamento aproximado de R$ 1,9 bilhão e EBITDA em torno de R$ 790 milhões, considerando o terceiro trimestre anualizado.
Com escala nacional e alto potencial de crescimento por meio do cross selling dos portfólios, do investimento em expansão e aumento de robustez de rede e de ganhos de escala, a estimativa é extrair R$ 1 bilhão em sinergias, em valor presente líquido (VPL), até 2030, cerca de 30% a mais do que o estimado antes do planejamento de integração, conduzido pela consultoria Bain Company. De acordo com essa análise, o fluxo de caixa gerado a partir das sinergias, já em 2025, deve chegar a R$ 165 milhões, com perspectiva de crescimento ano a ano, e pode alcançar R$ 460 milhões em 2028.
Anunciada em julho, a transação foi aprovada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). "A aprovação pelos órgãos reguladores foi rápida e nós também conseguimos acelerar o processo de integração, começando pelo portfólio, que passa a ter opções que vão além da banda larga em todas as regiões onde atuamos, tanto no varejo quanto no atacado (B2B e B2C). Este será um dos principais diferenciais da companhia e fundamental para a contínua expansão dos negócios, já que estamos unindo duas marcas fortes e que conseguem se posicionar muito bem em um mercado extremamente competitivo. Crucial reforçar que a nova empresa vai continuar cada vez mais focada na satisfação do cliente, no aumento do engajamento do colaborador, crescimento do retorno para o acionista e gerando cada vez mais um alinhamento com a sociedade. Vamos continuar fazendo história no setor e sabemos muito bem que o nosso propósito de ser cada vez melhor nos levará mais longe", conta Fabiano Ferreira, CEO da Vero e que seguirá à frente da nova empresa. Lincoln Oliveira, CEO da Americanet, segue como Presidente do Conselho de Administração.
A partir da combinação dos negócios, a companhia passa a atender cerca de 1,5 milhão de assinantes em 425 cidades brasileiras e amplia o portfólio, que continuará focado em banda larga fixa, oferecendo também produtos de voz, telefonia móvel e TV por assinatura, chegando a aproximadamente 2 milhões de UGRs (Unidades Geradoras de Receita = soma de todos os serviços e produtos).
Nesta primeira fase, a prioridade do time é capturar sinergias de curto prazo e potencializar o resultado, por meio de iniciativas de aceleração de vendas e de cross selling de produtos. No longo e médio prazo, as demais sinergias relacionadas a custos, despesas e investimentos passam a ser capturadas para que se possa chegar aos números estimados inicialmente.
Entre os principais potenciais identificados pela companhia está a oferta do serviço de MVNO (operadora de rede móvel virtual), hoje já disponível na Americanet, para a base de quase 850 mil clientes da Vero. O B2B é outro driver relevante, já que mais de 24% dos resultados da Americanet hoje vêm desse mercado.
Além das oportunidades de cross selling, a nova companhia também seguirá a estratégia de crescimento sustentável adotada pelas duas marcas até aqui. Do ponto de vista orgânico, os investimentos serão direcionados para expansão de rede e de portfólio, com oferta de novos serviços, aumento do ticket médio e continua revisão e evolução do ciclo de vida do cliente para crescimento da fidelização e redução de churn. Aquisições estratégicas também devem acontecer, seguindo o modelo de crescimento inorgânico já adotado pelas duas empresas, que somadas, realizaram 46 M&A's em suas trajetórias.
A companhia também já contratou nesta etapa a consultoria Interbrand, que está desenvolvendo um trabalho de entendimento das culturas e branding, para que se possa tomar uma decisão fundamentada sobre o tema. Estima-se que esse processo seja concluído nos próximos meses. Até lá, a nova empresa continuará atuando com as suas duas marcas.
Considerando os clientes B2C, hoje a Vero e a Americanet são líderes de mercado nas principais regiões onde atuam, com presença relevante nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste.
"Com as forças somadas, planejamos aumentar o ticket médio nas regiões em que temos maior presença com a oferta de serviços inovadores" diz Lincoln Oliveira. O executivo complementa que a tecnologia 5G privado irá contribuir para acelerar a oferta de rede privada no corporativo, o que poderá impulsionar a oferta de serviços mais avançados por novas regiões do país.
O processo de integração teve início em agosto, com o planejamento concluído nos últimos dias e a partir de agora o time se prepara para executar o plano. A primeira etapa é concluída em 100 dias e envolve a integração de procedimentos iniciais e que geram benefícios no curto prazo, como a aculturação e reorganização das equipes. Já a segunda etapa, que será implementada ao longo de 2024, tem como objetivo aspectos de maior impacto, como a unificação de sistemas e a simplificação societária, com a incorporação da Americanet e todas as suas subsidiárias.
Em uma troca de ações, 56% da companhia fica com os acionistas da Vero, entre eles a Vinci Partners e Empreendedores mineiros. Os acionistas da Americanet, que são compostos por Warburg Pincus, Invest Tech e Lincoln oliveira, têm 44% do negócio. Já o conselho será composto por até nove membros, sendo um Presidente do Conselho de Administração e um Vice-Presidente do Conselho de Administração. Todos os conselheiros terão mandato unificado de dois anos e a Cia deixa claro que os mesmos conselheiros de hoje de ambas as empresas permanecerão no board.