Portugal planeja investir R$ 8 bi em redes de próxima geração

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O governo português espera chegar a acordo, até meados deste mês, com as operadoras de telecomunicações para a implantação de redes de próxima geração (NGN, na sigla em inglês), num investimento superior a 2,5 bilhões de euros (R$ 7,9 bilhões no câmbio atual), segundo adiantou nesta segunda-feira, 5, uma fonte governamental à Agência Lusa.
"As negociações continuam a ocorrer. Até a segunda semana de janeiro será anunciada a forma como será feito o investimento nas redes", afirmou a mesma fonte, referindo-se às reuniões que vêm sendo realizadas entre o governo e responsáveis das principais operadoras de telecomunicações portuguesas (Portugal Telecom, Vodafone, Sonaecom e Zon Multimédia).
As redes NGN são estruturas em fibra óptica e permitem elevadas velocidades de navegação na internet (entre 50 a 100 megabytes por segundo, possibilitando, por exemplo, descarregar um arquivo de 1 gigabyte em poucos segundos). Essas redes são consideradas prioritárias pelo governo, que anunciou recentemente um pacote de medidas de estímulo no valor de 50 milhões de euros às operadoras portuguesas, para encararem a crise mundial.
Para as operadoras, há anos que as NGNs são consideradas prioritárias, devido ao seu potencial impacto no mercado das telecomunicações. Além de possibilitarem o lançamento de novas funcionalidades e serviços, elas vão permitir o desenvolvimento de tecnologias já existentes no mercado português, como a de IPTV (TV via internet). Os analistas ouvidos pela agência de notícias calculam que será necessário um investimento de entre 2,5 bilhões e 3 bilhões de euros para implementar uma NGN que chegue a todo o território português. Levando em consideração que o estado vai injetar os 50 milhões de euros, o restante do investimento terá de ser feito pelas operadoras. No entanto, com exceção da Portugal Telecom, nenhuma operadora tem capacidade financeira para realizar sozinha um investimento dessa natureza.
Por essa razão, a forma como será realizado o investimento nas NGNs tem dividido as operadoras de telecomunicações. De um lado, está a própria PT, que quer avançar com uma rede própria, exigindo do governo previsibilidade regulatória e a não-obrigatoriedade de abrir a sua rede às empresas concorrentes, ao menos nas regiões do país onde não possui uma posição dominante, que são as mais povoadas e desenvolvidas. Do lado oposto, estão a Sonaecom, a Vodafone e a Oni, que querem a realização de um investimento conjunto na futura rede, de forma a impedir o surgimento daquilo que consideram ser um novo monopólio da PT.
Os analistas apontam alguns dos cenários possíveis para o futuro quadro de investimento nas NGNs: ou as operadoras chegam a acordo para um investimento conjunto, mediante um consórcio, ou a PT avança sozinha, com a obrigação de abrir a rede às concorrentes, pelo menos em algumas zonas do país, em troca de uma contrapartida financeira previamente acordada. Existe ainda a possibilidade, segundo eles, de as diferentes operadoras fazerem cada uma o seu investimento, dividindo o território entre si e articulando os seus investimentos.

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