A Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), baseada no Regulamento Geral de Proteção de Dados (GDPR) da União Europeia, tem como objetivo principal garantir a proteção da privacidade dos indivíduos. Essa legislação estabelece multas pesadas para empresas que não cumprirem suas disposições, podendo chegar a até 2% da receita bruta da organização, limitada a 50 milhões de reais.
Diante disso, vazamentos e violações de dados são considerados inaceitáveis, tornando-se obrigação das empresas proverem medidas de segurança eficazes contra perdas, danos, roubos, acessos não autorizados, ataques hackers, entre outros.
A importância dos dados na atualidade
Partindo do pressuposto de que todas as premissas de segurança e proteção dos dados individuais estão devidamente cobertas, é importante destacar a crescente relevância dos dados na atualidade. Há alguns anos, um professor da academia nos questionou sobre qual seria o bem mais escasso do planeta, e todos respondemos que era a água. No entanto fez uma boa argumentação que o bem mais escasso era o dinheiro. Hoje, porém, imagino qual seria a resposta atualizada dele: substituindo a palavra "escasso" por "valioso".
Os dados têm se tornado extremamente valiosos, visto que existem diversas ferramentas e estratégias para capturá-los e utilizá-los como base para as operações de uma empresa. Os hábitos e comportamentos das pessoas fornecem perspectivas valiosas sobre o futuro dos produtos e serviços da organização, como já definido por Philip Kotler há mais de 20 anos. Além disso, é importante ressaltar que cada tipo de cliente deve receber um tratamento adequado à sua personalidade.
Uma utilização estratégica dos dados
O tema abre um leque infindável de possibilidades que podem ser exploradas pelas empresas. Eles podem ser utilizados para impulsionar vendas e promoções diretas, realizar segmentações de mercado, aprimorar produtos, serviços e estratégias de GTM (go-to-market), melhorar a experiência do cliente, adaptar estratégias de branding e mind-share.
Fortalecer a resiliência financeira da companhia, aprimorar modelos de negócios (como precificação e ROI, parcerias), aperfeiçoar a cultura da empresa, acompanhar os salários do mercado e o engajamento dos funcionários, incluindo a retenção de talentos e o aumento da produtividade, bem como abordar questões relacionadas a pautas ESG (ambiental, social e de governança) são todas áreas em que os dados desempenham um papel fundamental. Além disso, os dados também podem ser provenientes de máquinas, como aquelas presentes na Indústria 4.0 e em soluções de Machine Learning.
O ERP como pilar da gestão de dados
No centro de uma boa captura, qualificação e utilização correta dos dados encontra-se o ERP (Enterprise Resource Planning). De acordo com pesquisas da IDC, 92% das empresas líderes de mercado planejam utilizar o ERP para se adaptar às mudanças macroeconômicas e às preferências dos consumidores após a pandemia de COVID-19.
Dentre essas empresas, 85% pretendem utilizar a análise de dados como parte desse processo. Outro insight importante é que 67% dos líderes consideram o ERP essencial para economizar tempo e aumentar a eficiência em todos os processos, sendo que 53% esperam tomar decisões cada vez mais embasadas em dados provenientes dos ERPs.
Em suma, para empresas líderes em seus segmentos, que enfrentam desafios macroeconômicos, como pandemias globais, taxas de juros e inflação, aliados à prioridade de atrair novos clientes e aumentar as receitas com base na perpetuidade e lucratividade, o ERP assume um papel crucial. Mais do que nunca, ele volta a ocupar o centro das estratégias empresariais, que antes estavam dispersas em outros olhos do BPM.
Paulo Ramos, Head SAP da Actionsys.