A chegada da rede 5G é um marco significativo no cenário da comunicação e um avanço exponencial para o setor tecnológico, e o Brasil tem feito avanços significativos na preparação para a plena adoção da nova rede móvel. Enquanto leilões de frequências foram realizados, estabelecendo as bases para a implantação dessa tecnologia, grandes empresas de telecomunicações também têm investido em infraestrutura e desenvolvimento de redes 5G em centros urbanos, proporcionando maior conectividade e velocidade de comunicação mais rápidas para áreas urbanas e suburbanas.
E isso tudo faz muito sentido. O impacto e o retorno financeiro que a rede 5G pode trazer para a economia é gigantesco – e isso nos mais diferentes setores. Observamos que a manufatura inteligente, a famosa Indústria 4.0, por exemplo, vai se beneficiar da baixa latência da rede para ampliar a comunicação entre máquinas e potencializar a performance; enquanto a Logística poderá ser otimizada, com rotas e rastreamento de cargas em tempo real. Motor importante de nossa economia, o Agronegócio tende a crescer ainda mais com a viabilização da adoção de tecnologias em propriedades mais afastadas, com monitoramento ativo de safras, irrigação inteligente, gestão automatizada de rebanhos, e por aí vai.
Olhando ainda para o setor da Educação, almejamos que a rede 5G tenha o poder de, de fato, democratizar o ensino, mas sabemos que nesse segmento temos outros obstáculos relacionados às desigualdades entre instituições públicas e privadas. Enfim, são diversos os cenários que podem ser transformados para melhor com o 5G.
Desafios da jornada 5G no Brasil
Porém ao mesmo tempo que já vemos avanços dessa pauta aqui no país, a jornada rumo à popularização efetiva do 5G encontra desafios multifacetados, especialmente considerando as dimensões continentais do nosso território e a necessidade de infraestrutura adequada para garantir sua acessibilidade em todas as áreas do país, incluindo regiões remotas e atualmente não alcançadas pela conectividade. Isso porque infraestrutura em rede requer investimentos massivos em torres de transmissão, fibra óptica, equipamentos em rede, além de regulamentação e aquisição de licenças.
Paralelo a esse cenário, o ambiente de regulamentação também pode ser complexo e lento, o que pode acabar postergando a plena implementação da rede 5G no país. Questões relacionadas a licenciamento, direitos de passagem e normas de cibersegurança precisam ser elaboradas e chanceladas para facilitar a expansão da tecnologia, e garantir serviços de qualidade; outro desafio é o custo elevado para a disponibilização da nova conexão, que pode acabar sendo repassado para os consumidores.
Colaboração e esforço coletivo
Em meio a esse enorme potencial a ser explorado, é importante termos consciência também de que a desigualdade digital também é um desafio latente no Brasil, e a implementação do 5G pode agravar essa disparidade. Por isso, sem dúvidas, a superação de um desafio como esse exige uma abordagem altamente colaborativa entre governo, setor privado e sociedade. Programas de inclusão digital, como a criação de pontos de acesso Wi-Fi público em áreas urbanas e rurais, e distribuição ou subsídios para aquisição de celulares ou computadores para a população de baixa renda podem diminuir essa lacuna digital. Outra medida importante é o investimento em educação e capacitação tecnológica, com a implementação de currículos escolares que incluam habilidades digitais básicas, além de capacitação também para os adultos. O preparo da população para utilizar efetivamente a tecnologia é fundamental para garantir que os brasileiros possam aproveitar plenamente os benefícios da conectividade digital, além de também impactar a qualificação para a inserção no mercado de trabalho de forma mais competitiva.
O país está de frente com uma oportunidade ímpar de impulsionar inovação, competitividade e desenvolvimento socioeconômico através da implementação da rede 5G. Ainda é preciso, é claro, se atentar e garantir que os desafios mencionados, e tantos outros que existem, sejam superados em sua totalidade. Mas certamente o investimento contínuo em infraestrutura e regulamentação poderão garantir o aproveitamento máximo dos benefícios do 5G, atendendo às necessidades de um mundo cada vez mais conectado e digitalizado.
Marcelo Eduardo Cosentino, vice-presidente de Negócios para Segmentos da TOTVS.