O mercado brasileiro de software e serviços movimentou US$ 15,36 bilhões no ano passado, cifra 2,4% superior aos US$ 15,01 bilhões de 2008, segundo estudo da Associação Brasileira das Empresas de Software (Abes). Apesar do crescimento modesto, a entidade considera o desempenho da indústria do setor positivo, principalmente em razão da crise financeira mundial e pelo fato do percentual de crescimento do setor ter superado o registrado mundialmente, que foi de 0,89%.
"O mercado nacional sentiu os efeitos da crise e do câmbio em 2009 e mesmo assim conseguiu um desempenho favorável", analisa Gerson Schmitt, presidente da Abes, ressaltando que, se for tomado como base a moeda nacional e considerando que o dólar voltou patamar anterior, o setor teve expansão de mais de 10%.
A projeção inicial para este ano era de crescimento de 8,5%, com receita de US$ 16,6 bilhões. Entretanto, a rápida recuperação da econômia e a projeção de retomada do crescimento do mercado interno de TI podem resultar em uma expansão ainda maior. "Traduzindo para o cenário corrente ele deve ser de dois dígitos. A realidade tem se mostrado melhor do que a previsão", disse Schmitt, apontando para uma expansão superior a 10%.
No ano passado, a receita proveniente da venda de software ficou em US$ 5,45 bilhões, aumento de 7,4% ante 2008. Deste total, US$ 3,88 bilhões foram de software desenvolvido no exterior e US$ 1,56 bilhão de produtos desenvolvidos no Brasil. As exportações de software totalizaram US$ 92 milhões, alta de 12% sobre 2008.
A receita com a venda de serviços de TI no Brasil foi de US$ 9,64 bilhões no ano passado, ligeiro recuo de 0,4% na comparação anual, enquanto que as exportações de serviços relacionados a software ficou em US$ 271 milhões, alta de 5%.
O presidente da Abes salienta que é de suma importância para o mercado de TI nacional a intensificação do processo de consolidação das empresas no país, principalmente no que se refere às pequenas e médias empresas. "Esse processo é necessário para as empresas ganharem musculatura para competir no mercado. Estamos percebendo que as pequenas empresas têm tempo de vida muito curto no país, de cerca de cinco anos, em média", frisou. Segundo Schmitt, esse movimento é relevante para a indústria nacional de TI continuar escalando posições no mercado global de tecnologia.
O executivo também criticou a Lei 12.249/10, que retira a necessidade de licitação para a contratação de serviços de TI do Serpro por alguns órgãos do governo federal. "Essa preferência prejudica o mercado brasileiro e a iniciativa privada. Não é saudável, pois contribiu negativamente para o desenvolvimento da indústria brasileira de software e serviços", argumentou Schmitt. Ele conta que algumas entidades, icluindo a Abes, se organizaram para fazer uma análise jurídica desta lei. "O que for de direito será questionado", adiantou.
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