A Human Rights Law Foundation, que acusa a Cisco Systems de ajudar o governo chinês no controle de opiniões e conteúdos na internet, afirmou na sexta-feira, 2, ter novas evidências que incriminam a fabricante de equipamentos de rede. Em maio, a entidade de defesa aos direitos humanos entrou com processo contra a Cisco, no qual a acusa de contribuir com o governo chinês na construção de um firewall para censurar a web e manter controle sobre dissidentes, alterando sua tecnologia justamente para este fim. Na ocasião, a Cisco divulgou que não realizou nenhum trabalho específico para o governo daquele país.
Desta vez, a Human Rights Law Foundation denuncia o governo de monitorar o grupo religioso Falun Gong, conhecido por sua oposição ao poder central chinês, comandado pelo Partido Comunista. A fundação atribui a existência de um controle ao material de marketing distribuído pela Cisco a agências e organizações do governo chinês, incluindo um slide de apresentação em Power Point, no qual afirma que sua tecnologia pode "reconhecer mais de 90% das figuras da Falun Gong" nas transmissões de e-mail.
Outro documento, supostamente da equipe de vendas da Cisco, descreve uma base de dados de segurança pública que contém informações de cidadãos chineses, incluindo "pessoas-chave da organização maléfica Falun Gong". Ela seria conectada a sistemas de firewalls e de monitoramento para serem usadas como filtros de conteúdo do governo. Não fica claro, entretanto, se essa estrutura já foi construída
A Cisco afirmou que não constrói base de dados, e por política interna, não vende sistemas de monitoramento em vídeo ou equipamentos à China. A porta-voz da empresa, Kristin Carvell, afirmou ao New York Times que executivos estão analisando a acusação e que, por isso, não poderia fazer mais comentários sobre o caso.
Os documentos anexados ao processo reforçam a afirmação da Human Rights Law Foundation que membros da Falun Gong foram presos e torturados. Um deles, diz a ação, foi morto por agentes do governo chinês.