Em reunião na Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) do Senado na terça-feira, 4, sindicalistas, representantes da indústria e especialistas criticaram a desoneração da folha de pagamento como única medida para reduzir o custo de produção e, consequentemente, aumentar a competitividade da indústria brasileira.
Colocar o Brasil no patamar competitivo foi a justificativa para concessão do benefício dentro do Plano Brasil Maior, hoje aplicado os setores de TI, call center, entre outros. Para o presidente da Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal (Anfip), Álvaro Sólon de França, a decisão é falha porque os salários pagos no país são mais baixos que em regiões desenvolvidas. Dessa maneira, a folha de pagamento tem pouco peso sobre o preço dos produtos na comparação com países industrializados.
O supervisor do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Clóvis Roberto Scherer, corroborou a opinião de França e mencionou o câmbio, juros e deficiências na infraestrutura como elementos-chave que comprometem a competitividade da indústria brasileira.
Os convidados ao debate assinalaram que o benefício tampouco contribui para contratações e geração de novos empregos. Para o pesquisador José Aparecido Carlos Ribeiro, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), a medida resultará apenas a restauração das margens de lucro do setor industrial.
Álvaro Sólon, da Anfip, vai além. Para ele, a ampliação das margens de rentabilidade permite que empresas transnacionais ampliem suas remessas de lucro para o exterior, a exemplo do que atualmente ocorre com montadoras de automóveis, para tirar as “matrizes do vermelho”. Com Informações da Agência Senado.