É verdade que a quantidade de dados que cada cidadão digital possui e produz na Internet é imensa, tornando-os extremamente valiosos.
Há informações de todos os tipos circulando por aí, em diversas plataformas, sendo armazenadas em diferentes dispositivos eletrônicos. Com isso, é fato que a possibilidade delas serem perdidas é grande, seja por acesso indevido ou até mesmo por terem sido coletadas sem que a pessoa saiba ou tenha autorizado. E, na pior das hipóteses, elas são vendidas para uso indevido e ilegal, o que pode ocasionar sérios problemas para o indivíduo.
São muitos os exemplos, em sua maioria imperceptíveis, que mostram como a insegurança dos dados nos rodeiam em situações cotidianas, tais como: perda do celular, laptop ou pen drive; golpes via e-mail ou aplicativos de comunicação; invasão de contas bancárias; interceptação e/ou vazamento de dados; e a falta de transparência na política de consentimento da coleta de informações do usuário.
Mesmo com tantos riscos, existem medidas e mecanismos que foram pensados para proteger nossos dados e assegurar que sejam tratados de maneira adequada. Por exemplo: o usuário pode utilizar senhas fortes e a verificação em duas etapas; habilitar a notificação de login para acompanhar qualquer acesso feito por terceiros; adotar criptografia em dispositivos eletrônicos; evitar o armazenamento de informações sigilosas na nuvem; usar aplicativos de bases confiáveis; não clicar em links estranhos; permitir a atualização de sistema; e a mais antiga de todas as boas práticas: o uso do backup para garantir a disponibilidade permanente das informações. No entanto, é importante ressaltar que a tecnologia não faz milagres e lembrar que a disciplina e postura do usuário fazem a diferença na proteção.
Além dos meios e mecanismos de proteção, a legislação brasileira também assegura a preservação da privacidade dos dados. Aliás, há um capítulo inteiro na Lei Geral de Proteção de Dados que diz como a adoção de medidas e instrumentos de segurança das informações são importantes para coibir a exposição indevida das informações pessoais.
Vale ressaltar que os dispositivos legais não fazem milagres, pois é necessário que o comportamento das pessoas seja mais conservador em relação aos seus dados – seja seletivo e pense bem antes de cadastrar ou divulgar algo.
A Internet é a ferramenta mais impactante deste século, pois traz inúmeros benefícios à sociedade. No entanto, é preciso navegar com consciência dos seus atos e praticar a cidadania com ética e responsabilidade no ambiente digital.
Rodrigo Cardoso Silva, professor Doutor da Faculdade de Computação e Informática (FCI) da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM). Assessor Especialista no NIC.br | CGI.br, Mestre em Direito Internacional, Doutor em Ciência da Computação e Membro da Associação Brasileira de Estudos de Defesa e da Internet Society.