Ao serem perguntados numa pesquisa sobre quais são as habilidades mais importantes para o sucesso, a maioria (mais de 80%) dos líderes e funcionários de empresas brasileiras de grande porte respondeu: noções básicas de dados, em primeiro lugar e, em segundo, a comunicação. Para quem atua no segmento dos dados, a conclusão da pesquisa, realizada pela Forrester Consulting e encomendada pela Tableau, não surpreende. Os dados estão ligados ao conhecimento do negócio e à capacidade de expor esse conhecimento.
Por falar em conhecimento, o que é mais prazeroso fazer: assistir a um filme ou ler um livro sobre ciências? Independentemente da sua preferência pessoal, é fácil intuir qual das duas opções é mais interessante para a maioria das pessoas – basta levar em consideração o tamanho das indústrias de streaming e de filmes comparado ao das editoras e livrarias que, mesmo explorando cada vez mais os espaços digitais, têm enfrentado crises.
Isto não significa que as pessoas desprezem as pesquisas científicas, mas apenas que acompanhar uma história é uma experiência muito prazerosa para o cérebro humano. Por isso, retemos lembranças de tantas histórias – para experimentar novamente este prazer. No ambiente profissional, as coisas não são diferentes. Para ter uma boa comunicação é preciso reconhecer esses traços fundamentais do comportamento humano e trabalhar para que o discurso atinja o objetivo de transmitir uma mensagem de forma precisa e cativante.
Diferentemente das histórias de ficção, cujo propósito é entreter, no ambiente de trabalho o propósito é trocar conhecimento, instigar a inovação, otimizar processos e melhorar resultados, de modo análogo às rigorosas pesquisas científicas. Assim, é preciso alinhar o storytelling às informações de qualidade requisitadas, como conhecimento de mercado, histórico da empresa, desempenho dos setores, eficácia da logística e outras.
Uma outra pesquisa da YouGov/Tableau, divulgada no ano passado, buscou averiguar as melhores práticas para se ter conversas de qualidade no ambiente profissional. O estudo apontou que 88% dos líderes brasileiros acreditam que os dados são fundamentais para construir uma narrativa sobre os negócios e contar uma história. Essa comunicação, afinal, refere-se a fatos, a uma realidade que precisa ser investigada, colocada em perspectiva, analisada e transformada por meio da melhor solução possível. Nesse contexto, o que seria preferível: dados brutos, não processados, ou uma história intrigante?
A boa comunicação, na verdade, exige o melhor dos dois mundos. Os dados dão uma dimensão métrica objetiva ao que está sendo avaliado, enquanto as histórias conferem contexto, dramaticidade e impacto. Os dados informam o que está acontecendo e as histórias mostram o porquê. Com esses dois elementos, é possível elaborar os insights mais relevantes. Em nenhum outro período da história tivemos tantos dados e ferramentas eficientes, capazes de trazer e compartilhar conhecimento em qualidade e quantidade excepcionais.
A análise de dados existe para nos munir de informação e de alternativas cada vez melhores e precisas. Hoje em dia, essa tecnologia caminha para se tornar cada vez mais acessível para não especialistas que, sem precisar de códigos e fórmulas complicadas, podem utilizar recursos como a Inteligência Artificial através de simples cliques e gerar mais conhecimento sobre os negócios.
As próprias ferramentas de análise de dados podem ser habilitadas para criar histórias, acompanhando fenômenos e tendências, exibindo números, gráficos e trechos inteiramente escritos, destacando informações extraordinárias, problemas, oportunidades e explicando o que está acontecendo. Este processo está sendo chamado de democratização dos dados, pois permite a leitura de análises sofisticadas por não especialistas, que podem se servir dos dados de forma independente.
Não é à toa que tanto as noções básicas em dados quanto a comunicação são hoje as habilidades mais valorizadas no mercado de trabalho – uma depende da outra para serem eficazes. A boa comunicação profissional precisa ser algo entre um pequeno artigo de ciências e uma história cativante, unindo a precisão e a credibilidade dos dados com uma narrativa capaz de engajar e impactar os ouvintes. Comunicar-se bem requer, sobretudo, ter algo relevante a dizer.
Fabíola München Sebastiany, gerente sênior de marketing da Tableau na América Latina.