Você já errou hoje?

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O mundo corporativo e sua volatilidade costumam ter pouca paciência para erros. "Tempo é dinheiro" e não há espaço para falharmos. Sempre avante, sempre acrescendo, sempre inovando. Essa cultura do acerto constante chega a resvalar na positividade tóxica. É humanamente impossível acertar sempre. Ainda mais quando buscamos inovar. 

Líderes que dizem que nunca erraram não se questionaram verdadeiramente ou estão colocando histórias debaixo dos tapetes da memória ou seguem fazendo repetidamente a mesma coisa. Neste último caso, asseguro ser uma estratégia arriscada, porque quem não inova não conseguirá responder às novas demandas globais e ficará para trás.

Eu entendo que exista certa resistência a admitir vulnerabilidades. Mas são elas que, muitas vezes, permitem que nos conectemos a nossos colegas e colaboradores, que geram empatia e abrem a porta para aprendermos continuamente. Por isso, é importante refletirmos sobre como lidamos com os erros. Quais são nossas práticas atuais quando falhas acontecem e quais mudanças precisamos promover para sermos mais eficientes, excelentes e sempre melhorarmos?

Identificação de erros repetidos: errar nos traz a oportunidade de pensar sobre o que poderia ser diferente, sobre ajustes e novas possibilidades. Por isso, um ponto crucial ao falhar é refletir sobre o processo e orientar as ações do futuro, promovendo as correções e adaptações necessárias. Ao cometermos o mesmo erro repetidamente, estamos ignorando, justamente, o que há de positivo. Isso é preocupante porque nos impede de avançar. É hora, então, de reconhecer esse padrão e tomar medidas para quebrá-lo.

Desafios na resolução de problemas: você tem a sensação de que parece que aceitamos que alguns erros fiquem sem resolução, o que leva a repetir tarefas ou encontrar soluções temporárias? Isso nos impede de crescer e melhorar nossos processos. Precisamos adotar uma abordagem de "tolerância zero" para erros recorrentes e garantir que os tratemos adequadamente. 

Reconhecimento da importância dos erros: erros não são fracassos. São, na verdade, passos importantes no caminho para a excelência. Ter inteligência para aprender com eles é um caminho para alcançar agilidade, segurança psicológica e um ambiente que apoia a melhoria contínua. Precisamos valorizar os erros como oportunidades para crescer e refinar nossas abordagens.

Costumo reforçar para quem trabalha comigo que minha expectativa é que todos atuemos juntos para enfrentar e resolver os problemas recorrentes que fazem, inevitavelmente, parte do nosso dia a dia. Não vamos apenas corrigir as questões imediatas, mas também investigar coletivamente as causas raízes e encontrar maneiras de melhorar nossos processos e metodologias. Eu poderia dizer que estou sempre em busca de novos erros nesse processo constante de evolução.

Como entusiasta do lifelong learning, entendo que mesmo quando "acertamos" pode haver espaço para evoluções – até porque, em um mundo em constante mudança, as certezas têm curto prazo de validade. Não podemos nos acomodar com as respostas, sejam elas "certas" ou "erradas". 

Lembre-se: o objetivo não é a perfeição, mas o progresso contínuo, a eficiência e a grandeza. Então, convido você a encarar os erros como lições valiosas e a usá-los para melhorar a nós mesmos, nossas equipes e nossos processos. Juntos, podemos criar um ambiente de confiança que incentive o crescimento, a inovação e o sucesso.

Washington Botelho, Presidente da JLL Work Dynamics para a América Latina.

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