A Telefónica desistiu de vender a Atento, sua empresa de call center, apesar das dificuldades atuais que a operação vem enfrentando, segundo informaram pessoas próximas à empresa a versão online do jornal espanhol El Confidencial. Com isso, as negociações com a Bain Capital, que havia feito uma oferta de compra há dois meses, foram suspensas pelo grupo espanhol.
As fontes não citam diretamente a Bain Capital, apenas admitiram que a Atento estava analisando a oferta feita por um fundo de capital de risco americano, mas que, por discrepâncias entre o preço oferecido e o valor pedido pela Telefónica, a empresa decidiu “congelar” a operação.
O grupo espanhol estava disposto a aceitar um desconto significativo sobre o preço da avaliação feita há um ano, quando o grupo espanhol tentou, sem sucesso, abrir o capital da Atento na bolsa de valores. Naquela época, a Telefónica avaliou a Atento em 1 bilhão de euros. E foi justamente este o valor inicial pedido em março passado, quando dicidiu vender a empresa. Os principais interessados foram a Bain Capital e os fundos de private equity Permira e Apollo.
No entanto, devido ao agravamento da situação macroeconômica na Espanha, ao aumento do prêmio de risco do país e ao custo financeiro, o grupo presidido por César Alierta reduziu a pedida, para 700 milhões de euros — cerca de US$ 850 milhões —, que, na realidade, foi o valor da única oferta firme feita em julho pelos bancos Morgan Stanley e HSBC, que intermediavam o negócio para a Bain Capital.
Quando a Telefónica negociava os ajustes finais da oferta, no entanto, a Bain colocou algumas condições, reduzindo ainda mais o preço final para 600 milhões de euros. O grupo espanhol considerou o valor baixo e decidiu suspender as negociações, dizendo que a venda não é urgente e que não pretende se livrar da empresa a preço de pechincha.
A Atento opera em 17 países, inclusive no Brasil. A sua venda teria o objetivo de ajudar a Telefónica a reduzir sua pesada dívida, hoje estimada em 57 bilhões de euros. Analistas afirmam que o preço da Atento é pressionado, sobretudo, pela baixa perspectiva de desenvolvimento da empresa e pelos riscos trabalhistas, concentrados no Brasil, onde a empresa possui a maior parcela de seus funcionários.