Embora tenha garantido, há cerca de dois meses, que o iPad produzido no Brasil estaria à venda no período de Natal, o ministro da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, veio a público nesta segunda-feira, 5, para dizer que a Foxconn não tem estimativas de quando começará a fabricar os tablets da Apple no país. Ele, inclusive, havia sido enfático ao rebater rumores no mercado à época de que a montagem local do produto seria adiada e deu a entender que a fabricação já estava certa, apesar de a fabricante chinesa nunca ter dito isso oficialmente. Já a produção do iPhone deverá ser iniciada no dia 16 de dezembro, afirmou Mercadante.
Segundo informações da agência Reuters, o ministro disse que não há previsão de quando a empresa iniciará a produção do iPad no país. Mercadante acrescentou ainda que, sem a produção local, os tablets da Apple continuarão a ser tributados em 36%. Em setembro, ele havia antecipado que o equipamento seria produzido na fábrica que a Foxconn tem em Jundiaí, no interior de São Paulo, antes do fim do ano.
Há inúmeras dúvidas se o iPad será mesmo fabricado no Brasil. Segundo apurou este noticiário, um dos empecilhos para o início da produção local é a necessidade de flexibilização do Processo Produtivo Básico (PPB), que exige que parte dos componentes sejam produzidos localmente. Sem isso, segundo analistas, a compra de componentes no mercado local pode ser mais onerosa para a fabricante chinesa, que os adquire no exterior em larga escala, portanto a importação pode representar um custo menor para ela. O PPB exige a presença de "conteúdo nacional" nos tablets produzidos no país.
Outro ponto que pode atrapalhar os planos do governo brasileiro de ter o iPad fabricado localmente é a falta de acordo para a construção, pela Foxconn, de uma fábrica de telas de LCD no Brasil, cujos investimentos estão estimados em US$ 12 bilhões. As negociações estão em andamento e o governo intensificou a procura por empresa de capital nacional para participar como parceira na instalação da fábrica, que deve ser montada em conjunto com a Foxconn. O empresário Eike Batista, do grupo EBX, que controla várias empresas nas áreas de recursos naturais e infraestrutura no Brasil, se mostrou interessado numa possível parceria, mas até agora não houve nenhum avanço. Na parte de tecnologia, o interesse do governo é fechar parcerias com Positivo, Semp Toshiba e Itautec.
Enquanto o acordo para a instalação da fábrica não for concretizado, dificilmente a Foxconn iniciará a produção de iPad no Brasil. Isso porque o PPB exige que, em 2013, parte das telas de LCD usadas nos tablets fabricados no país sejam de conteúdo nacional (produzidas localmente). E sem a garantia de que terá condições de atender as exigências do PPB, a Foxconn pode optar por não fabricar o iPad localmente, avaliam analistas.