A inovação é essencial para o desenvolvimento da indústria e sociedade. No entanto, as organizações brasileiras podem enfrentar desafios que limitam a capacidade de se adaptarem às rápidas mudanças do mercado global e de gerar ideias que tragam benefícios reais para a sociedade e os negócios.
Esses obstáculos incluem a falta de uma cultura de inovação nas empresas, a ausência de uma abordagem centrada no cliente, questões de cibersegurança e a carência de um gerenciamento eficaz dos dados gerados.
Falta de cultura de inovação
Embora o Brasil tenha um grande potencial criativo, muitas organizações ainda enfrentam dificuldades para adotar uma mentalidade inovadora em seus processos e estratégias. Isso se deve, em parte, à resistência à mudança, à visão conservadora de alguns setores empresariais, ausência de liderança estratégica, falta de diversidade e inclusão e à falta de incentivo à experimentação.
Além disso, a escassez de investimento em pesquisa e desenvolvimento também contribui para essa falta de cultura inovadora. Em muitos casos, as empresas não priorizam o investimento em inovação, preferindo focar em operações de curto prazo.
Para reverter esse cenário, é essencial capacitar e incluir os colaboradores, porque assim eles estarão mais propensos a experimentar e compartilhar novas ideias, o que amplia as oportunidades de inovação. Também, uma liderança eficaz é o catalisador que orienta e fortalece essa cultura.
Dificuldade de colocar o cliente no centro
Muitas empresas falham por não entender as reais necessidades do consumidor. O erro mais comum é lançar produtos ou serviços sem uma pesquisa de mercado adequada, sem compreender se existe realmente demanda ou interesse. Embora muitas inovações sejam impulsionadas por tendências de mercado, é essencial que elas atendam a problemas reais dos clientes para que sejam bem-sucedidas.
Para garantir que uma empresa seja inovadora, é importante envolver os clientes desde o início do processo, utilizando abordagens como o design thinking, que valoriza a empatia e o feedback contínuo.
Além disso, as organizações devem monitorar constantemente as tendências e comportamentos dos consumidores, usando ferramentas automatizadas para identificar sinais importantes. O foco deve ser sempre em criar soluções que realmente agreguem valor ao cliente, em vez de seguir modismos ou análises que não refletem seu impacto real.
Também vale ressaltar que, ao colocar o cliente no centro, a organização estará pensando na experiência do usuário, visto que não adianta investir em novas tecnologias se os usuários não forem capazes de usá-las de forma descomplicada.
Fragilidade na cibersegurança
No Brasil, os ataques cibernéticos cresceram quase 70% este ano. Sem uma infraestrutura de cibersegurança robusta, a inovação poderia ser freada por riscos de comprometimento da privacidade e da segurança dos dados, o que geraria incerteza tanto para consumidores quanto para investidores.
Outro ponto importante é que, muitas vezes, o custo de lidar com as consequências de uma violação de segurança é significativamente mais alto do que investir em inovação. Os gastos com perdas financeiras, notificações a clientes, consultoria jurídica e auditorias são diretamente relacionados a incidentes de segurança. Além disso, uma empresa pode ser sujeita a multas e sanções de órgãos reguladores caso não esteja em conformidade com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).
Por isso, é essencial que todas as empresas deem prioridade à segurança cibernética, adotando medidas preventivas para evitar ações de cibercriminosos. Essas ações, que incluem a aquisição de softwares de segurança, a implementação de políticas internas e o treinamento de colaboradores, são fundamentais para garantir a sustentabilidade do negócio a longo prazo.
Ausência de gerenciamento de dados
A quantidade de dados gerados e coletados está aumentando. Segundo as estimativas do Statista, a cada dia são gerados 402,74 milhões de terabytes de dados. Em 2023, foram criados 120 zettabytes de dados, e esse número deve crescer mais de 150% até 2025, alcançando 181 zettabytes.
Quando não há uma gestão de dados, a organização pode não saber quais possui, onde estão armazenados e como utilizá-los. Por causa disso, a análise de insights de dados, algo muito benéfico para a inovação, não ocorre.
Também, a conformidade com regulamentações de dados é um desafio, pois envolve múltiplas jurisdições e está em constante evolução. As organizações precisam ser capazes de revisar facilmente seus dados para identificar quaisquer alterações ou novos requisitos regulatórios.
Então, como o Brasil pode melhorar o cenário de inovação em 2025?
De acordo com o Índice Global de Inovação (IGI) de 2024, o Brasil está na 50ª posição entre os países mais inovadores. Aapesar de ser o líder da América Latina e do Caribe, o país caiu uma posição em relação ao ano anterior.
Em 2025, o sucesso da inovação no Brasil dependerá da capacidade de superar barreiras estruturais e culturais que ainda persistem em diversos setores. A construção de uma cultura de inovação sólida, que coloque o cliente no centro dos processos e seja respaldada por investimentos em cibersegurança e gestão de dados é fundamental para garantir um ambiente propício ao avanço tecnológico e à sustentabilidade dos negócios.
Muitos obstáculos podem ser relacionados e, quando corrigidos, podem otimizar os negócios. Por exemplo, se uma empresa tiver um melhor gerenciamento de dados, vai obter um melhor panorama sobre como suas soluções estão funcionando, quais são os problemas e, assim, melhorar a experiência do usuário.
A capacidade de enfrentar esses desafios de forma integrada será determinante para a inovação e o crescimento do Brasil nos próximos anos.
Ana Clara Corneau Soares, technology evangelist na ManageEngine.