Começou a CES 2014, principal evento de eletrônica de consumo do mundo, que acontece esta semana em Las Vegas. É um evento que promete consagrar a realidade da internet das coisas e apresentar uma nova tendência: a disseminação dos sensores conectados.
Para o mercado de telecomunicações em geral, em especial dispositivos móveis, há algum tempo este deixou de ser o evento dos grandes lançamentos dos principais fabricantes. Ainda se pode esperar algumas surpresas de empresas como Samsung, LG e Sony, cujas apresentações oficiais acontecerão ao longo desta nesta segunda, 6 (com seis horas de atraso em relação ao fuso de Brasília), mas nada especialmente significativo é esperado, já que cada vez mais esses grandes fabricantes preferem deixas as novidades para o Mobile World Congress em Barcelona ou, mais ainda, para eventos próprios. A Apple há uma década não participa diretamente da CES, ainda que o ecossistema que orbita em torno dos iPhones e iPads esteja em massa por aqui.
Em termos de lançamentos de dispositivos móveis, as novidades ficam por conta de empresas sem destaque no segmento, como a gigante do mundo dos notebooks Lenovo, além de companhias menores como a Archos, ou que ainda buscam marcar presença no mercado norte-americano, como Huawei.
De modo geral, a CES é um evento que mostra a crescente hegemonia e importância do Android, não só no segmento de smartphones e tablets como em diversos dispositivos conectados.
Isso significa que a CES 2014 não tem mais a ver com o universo das telecomunicações? Ao contrário. Na CES, como um evento relevante para entender a tendência dos fabricantes de eletroeletrônicos, desde os gigantes até os minúsculos e mais inovadores, o que se vê por todos os lados são dispositivos conectados. Tudo, absolutamente tudo o que está sendo lançado e que use energia elétrica já tem uma versão conectada na Internet. De lâmpadas a câmeras fotográficas, de televisores a geladeiras, de aparelhos de ar condicionado a carros, de brinquedos a drones, a conectividade (e de preferência a integração com um dispositivo móvel) é hoje um imperativo. O evento, portanto, só reforça a tendência, que não é nova, mas ainda impressiona.
Inteligência
Algumas parcerias importantes podem ser anunciadas, como a do Google com a Audi, na área de carros conectados, e a disputa entre Qualcomm e Intel para ver quem chega antes a esse novo universo conectado que vai além dos PCs (território da Intel) ou dos celulares e tablets (território da Qualcomm).
Mas as estrelas do evento desse ano sem dúvida serão os sensores. E a explicação é simples, segundo Shawn DuBravac, economista chefe e diretor de pesquisa da Consumer Electronics Association (CEA), que organiza a CES. Com a escala trazida por smartphones e tablets, os sensores estão se tornando cada vez mais baratos e sendo incorporados a mais dispositivos. Câmeras, acelerômetros, sensores de temperatura, pressão, movimento, bússolas, GPS, umidade, luminosidade, radiação UV, energia, enfim, tudo o que possa perceber, captar e/ou medir essas variáveis está agora sendo integrado aos diferentes dispositivos para dar a eles "inteligência".
A disseminação dos sensores tem a ver com a segunda tendência da CES de 2014: a dos dispositivos vestíveis. São relógios, óculos, calçados, tecidos e acessórios que agregam informações sobre o contexto dos seus usuários e trocam informações com os smartphones, tablets e, obviamente, com a Internet. Entre 75 e 100 lançamentos de "dispositivos vestíveis" (ou wearable devices) são esperados na CES deste ano, diz DuBravac.
Personalização
Em outra pista, correndo em paralelo em termos de inovações em forte expansão na CES, estão tecnologias e dispositivos relacionados à impressão 3D. É uma parte muito importante de uma tendência maior, ligada ao próprio modo de produção industrial, que é a da personalização da produção em massa. Ou seja, coisas sendo produzidas com escala industrial (em termos de custo e velocidade de entrega) mas com aspectos únicos e individualizados, definidos pelo usuário. É uma tendência que já se vê há alguns anos na indústria automobilística e vestuário, começa a aparecer mais forte na indústria de handsets e promete ganhar espaço na área de eletrônicos, segundo DuBravac.