Tensão entre Rússia e Ucrânia chega à internet com ataques de hackers

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A tensão na Ucrânia com o envio de tropas pela Rússia para a Crimeia, região ucraniana que já tem um certo grau de autonomia, está se transferindo rapidamente para o ciberespaço, o qual praticamente já se transformou em um campo de batalha entre partidários ucranianos e russos. Embora as grandes potências mundiais venham intensificando as negociações com a Rússia para evitar uma guerra na região, os combates no ciberespaço já começaram.

Na quarta-feira, 5, hackers iniciaram ataques a sites de agências e publicações estatais em ambos os lados. Uma agência de vigilância do governo russo ordenou a desativação de páginas em redes sociais de grupos nacionalistas ucranianos. Por outro lado, uma empresa ucraniana de telefonia disse que suas redes em partes da península da Crimeia foram danificadas depois que homens não identificados assumiram o controle de centros de comunicação, segundo a Bloomberg.

Analistas de inteligência dos EUA estão monitorando de perto as ações de hackers no conflito da Ucrânia em busca de pistas sobre como a Rússia e outros países podem empregar habilidades em informática em futuros conflitos, disseram dois funcionários do governo dos EUA que falaram sob a condição de anonimato por discutirem assuntos de inteligência. Eles disseram que o ciberespaço está rivalizando com os campos de batalha tradicionais como um lugar onde as guerras são vencidas ou perdidas.

O Russia Today, um site em língua inglesa apoiado pelo governo do presidente Vladimir Putin, disse que no dia 2 de março hackers adicionaram a palavra "Nazi" às manchetes. Os sites do jornal russo Vedomosti, da agência de notícias RIA Novosti e de várias estações de TV e rádio foram atingidos por ataques com o objetivo de bloquear espectadores, embora nenhum deles tenha sido tirado do ar, segundo a Group-IB, uma empresa russa de segurança online.

"Definitivamente tem havido um aumento na atividade maliciosa", disse Ilya Sachkov, CEO da Group-IB. "Mas a diferença não é tão intensa quanto, por exemplo, a que vimos durante as últimas eleições para prefeito de Moscou ou para o Parlamento russo".

Na Ucrânia, as agências de notícias Unian e Gordon disseram que haviam sido atacadas por hackers, sendo que a segunda disse que os responsáveis pelo ataque eram russos. E um grupo que diz ser afiliado ao Anonymous, um grande time de ativistas da internet, postou um vídeo no site de compartilhamentos Vimeo em que disse que estava atacando sites russos por causa do conflito na Ucrânia.

O Ministério das Relações Exteriores da Rússia preferiu não comentar imediatamente os preparativos para a guerra cibernética. O Ministério da Defesa não retornou a telefonemas. A agência de segurança informática da Ucrânia disse que havia registrado ataques a sites e redes de telefonia no país. A polícia de segurança não atendeu a insistentes telefonemas.

Telefones hackeados

Canais estatais russos de televisão reportaram ontem um telefonema vazado entre a diretora de política estrangeira da União Europeia, Catherine Ashton, e o ministro das Relações Exteriores da Estônia, Urmas Paet, que recentemente retornou da Ucrânia.

No telefonema hackeado, segundo o que foi informado, Paet disse que os franco-atiradores que mataram protestantes em Kiev estavam trabalhando para a oposição e não para o agora presidente deposto Viktor Yanukovych.

O Ministério das Relações Exteriores da Estônia disse que o telefonema era autêntico, mas que Paet não havia culpado a oposição pelos disparos.

No dia 23 de fevereiro, a rádio estatal Voice of Russia publicou e-mails supostamente escritos por Vitali Klitschko, um candidato pró-Ocidente à presidência da Ucrânia. Entre os documentos vazados por um grupo hacker que chama a si mesmo de Anonymous Ukraine está um no qual Klitschko agradecia a um assessor do presidente da Lituânia por financiar os protestos ucranianos.

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