2022 foi um ano positivo para a indústria de data centers latino-americana em termos de investimentos e infraestrutura. Ao longo do ano, vimos projetos de vários milhões de dólares anunciados e desenvolvidos na região, de empresas como a Microsoft, AWS, Google, Ascenty, Odata e Equinix, entre outras.
Como indicado pela empresa Research and Markets, nossa região está se tornando um destino atrativo para a construção de data centers devido a fatores derivados da digitalização dos negócios, como a maior adoção dos serviços de nuvem, a Internet das Coisas (IoT) e o Big Data.
Embora o Brasil continue a ser o líder indiscutível no mercado regional de data centers, países como o México e a Colômbia despontaram em 2022 como importantes centros tecnológicos na região.
O forte desempenho da indústria no último ano pinta um quadro ainda mais animador para 2023 e para os anos seguintes. De acordo com a Arizton, os investimentos em data centers na região aumentarão de US$ 6,3 bilhões em 2021 para US$ 9,11 bilhões em 2027, com uma taxa de crescimento anual composta (CAGR) de 7,13%.
Isso representa um panorama de grandes oportunidades para a América Latina. Ao analisar o comportamento da indústria de data centers na região e no mundo, a Vertiv identificou as cinco tendências que darão o tom neste ano e que serão essenciais para otimizar o mercado latino-americano em 2023:
Aumento na regulamentação: De acordo com estimativas, data centers são responsáveis por 1 a 3% do consumo global de eletricidade e, além disso, usam aproximadamente de 5 a 8 milhões de galões de água por megawatt de potência total a cada ano. Neste cenário, em 2023 espera-se maior controle e supervisão pelas agências reguladoras.
Na Vertiv, testemunhamos um crescente interesse por parte dos operadores de data centers na América Latina em certificar suas operações, especialmente após a pandemia. Nos últimos dois anos, demos suporte a diversos projetos no Chile, Peru, Brasil e Bolívia, entre outros países na região, que buscaram antecipar-se às regulamentações esperadas e tornar suas operações mais eficientes em relação ao consumo desses recursos.
- 2. Infraestrutura modular pré-fabricada: Diversos operadores de data centers empresariais optarão por infraestrutura modular pré-fabricada no futuro, sugerindo que este será o novo normal.
De acordo com a Research and Markets, a implementação de data centers modulares e materiais sustentáveis na América Latina deve crescer de US$ 455 milhões em 2021 para de US$ 825 milhões em 2027. Embora seu estudo sugira que a economia de custos e um empurrão em direção aos materiais sustentáveis estejam impulsionando a tendência, a Vertiv percebe que a velocidade e a eficiência inerentes em ofertas padronizadas são igualmente importantes para os clientes e a infraestrutura modular pré-fabricada se tornará a abordagem padrão para data centers empresariais, hyperscale e na borda da rede.
- 3. Os geradores a diesel têm concorrência: Como parte da busca por alternativas mais limpas e mais eficazes que ajudem a reduzir a pegada de carbono e o consumo de energia, as células a combustível de hidrogênio estão posicionadas como uma alternativa importante aos geradores a diesel. Outras opções incluem a implementação de novas tecnologias para baterias, como as de íon-lítio, para energia de backup prolongada.
- 4. Crescimento das tecnologias de refrigeração líquida: Os data centers viram a necessidade de incorporar sistemas de computação em espaços menores, assim como aumentar a densidade dos racks. Portanto, em 2023, tecnologias de refrigeração líquida eficientes e compactas estão posicionadas para uma maior adoção, de forma a atender as necessidades térmicas de sistemas de TI de alta densidade.
- 5. Maior implementação de 5G: Nos próximos cinco anos, metade dos planos de telefonia celular da região serão de 5G. De acordo com a Statista, as seis maiores economias da América Latina (Brasil, México, Argentina, Colômbia, Chile e Peru) investirão ao redor de US$ 120 bilhões para a integração das redes 5G. A adoção acelerada do 5G habilitará aplicações que necessitam baixa latência, como inteligência artificial e realidade virtual, tecnologias que levarão ao aumento do número de sites na borda da rede e da infraestrutura que lhes dá suporte.
É crucial que os operadores de data centers na região da América Latina busquem este ano o uso eficiente de recursos. Certamente, inovação e tecnologia criam o cenário para o crescimento da indústria, mas ações concretas de liderança são também necessárias para maximizar as grandes oportunidades que se apresentam para 2023.
Rafael Garrido, Vice-Presidente da Vertiv América Latina.