O constante avanço tecnológico e as transformações digitais que acompanhamos no universo dos negócios faz com que uma importante prioridade no cotidiano dos CIOs (Chief Information Officers) esteja na gestão eficiente dos investimentos em nuvem e em TI. No entanto, segundo pesquisas, mais de 80% dos tomadores de decisões relacionadas à nuvem nas empresas relatam que esse é também um de seus maiores desafios. Diante desse cenário, diversas instituições estão apostando cada vez mais na adoção de uma estratégia FinOps como apoio nessa jornada.
FinOps, uma abreviação para "Financial Operations" (Operações Financeiras), é uma disciplina em evolução focada no gerenciamento financeiro de nuvem, que busca fazer com que as empresas consigam extrair o máximo de valor em seus negócios a partir dos aportes realizados em cloud. Seguindo as práticas de FinOps, equipes de engenharia, finanças e negócios assumem a responsabilidade pelo uso da tecnologia, com decisões baseadas em dados de forma escalável e sustentável. O FinOps alinha iniciativas tecnológicas com objetivos comerciais, mantendo transparência financeira para diminuir os custos desnecessários.
Contudo, capacitar equipes para gerenciar suas práticas de FinOps requer acesso a dados confiáveis de monitoramento e análise de múltiplas nuvens. Uma estratégia de FinOps mais robusta aliada à observabilidade pode fazer uma grande diferença ajudando os times a controlarem os investimentos crescentes com Cloud, além de apoiar na diminuição das emissões de carbono de suas operações, ao evitar a utilização incorreta de recursos de TI.
Há alguns motivos a serem destacados para o descontrole de aportes com nuvem. O principal está no desperdício, quando equipes investem em muitos serviços sem alinhar os tipos e tamanhos de cargas de trabalho, ficando com infraestruturas subutilizadas. A transferência de dados desnecessária, que consome espaço e gera taxas adicionais cobradas por provedores de nuvem é mais um fator importante nesse contexto. O pagamento sob demanda também deve ser repensado em algumas operações, pois, embora ofereça flexibilidade, muitas vezes se torna a opção mais cara, especialmente quando não há um controle adequado sobre o que é usado. Além disso, um design de arquitetura ineficiente com soluções de Cloud mal projetadas tende a consumir mais ativos do que o necessário.
Uma abordagem de observabilidade para FinOps é capaz de apoiar na redução dos aportes com nuvem otimizando seu uso. Ao se aplicar princípios de gestão financeira ao monitoramento e à análise de recursos, é possível alcançar visibilidade sobre a situação real enfrentada e as oportunidades para gerenciar efetivamente os desembolsos, tornando-os mais eficientes para alcançar o máximo retorno sobre o investimento.
Para que a observabilidade seja incluída em práticas de FinOps, é importante seguir alguns passos. Por exemplo, é preciso identificar o que está sendo consumido e por qual tipo de aplicação. É necessário designar um proprietário para cada um desses pontos de consumo, que pode ser uma unidade de negócios ou um centro de custo, por exemplo. Em seguida, já é possível começar a extrair esses dados para a plataforma de observabilidade. Despesas visíveis permitem encontrar o problema, caso disparem inesperadamente, e promover ajustes quando e onde forem necessários.
O alerta proativo de custos é uma prática factível por meio da observabilidade, que implementa processos automatizados para monitorar dados financeiros, identificar possíveis anomalias, garantir a conformidade e alertar antes que os problemas aumentem. A configuração e o monitoramento de alertas para várias métricas, tais como uso, tendências de gastos, limites orçamentários ou desvios dos padrões, entre outros fatores, podem ajudar as equipes de FinOps a se anteciparem às despesas inesperadas ou estouros de orçamento.
Uma abordagem de observabilidade para FinOps também envolve o monitoramento da utilização da nuvem para identificar ineficiências e oportunidades de otimização. A observabilidade pode fornecer insights sobre uso de CPU, de memória e a taxa de transferência da rede, por exemplo. Ao se analisar essas métricas em conjunto com os dados de custo, as organizações podem observar recursos subutilizados para que sejam reduzidos ou encerrados. Além disso, a observabilidade pode apoiar na previsão precisa de investimentos futuros, baseando-se nas análises de dados históricos e nas tendências de utilização.
Em um cenário cada vez mais digitalizado e competitivo, a adoção de observabilidade para FinOps fortalece a gestão financeira em Cloud, além de impulsionar a eficiência operacional e o crescimento sustentável das empresas, capacitando-as a navegarem com sucesso no universo em contínua evolução da tecnologia. Com insights críticos e precisos sobre o quanto a empresa está investindo em nuvem e se esses valores estão alinhados com suas metas estratégicas, é possível melhorar seu ambiente tecnológico, tomando decisões mais inteligentes para reduzir os dispêndios e evoluir nos negócios com melhor previsibilidade e assertividade.
Adilson Pereira, Diretor Regional para o Mercado Financeiro e Enterprise da Dynatrace.