O governo brasileiro tem interesse no fortalecimento das relações luso-brasileiras, disse à Agência Lusa José Pedro Baptista, presidente da Portugal Telecom Investimentos Internacionais, empresa que administra os negócios do grupo no exterior. A declaração acontece cerca de um mês depois de o presidente da PT, Henrique Granadeiro, dizer, durante visita ao Brasil, que a operadora portuguesa considerava uma troca de participações com a Oi (ex-Telemar) "para a construção de um pilar luso-brasileiro, em Portugal e no Brasil".
A opção vista com maior simpatia por Brasília é a fusão da Oi, que domina a telefonia fixa nas regiões Norte, Nordeste e Sudeste (com exceção de São Paulo) com a Brasil Telecom, líder no Sul e no Centro-Oeste, para a criação de uma grande empresa de telecomunicações que faça frente às companhias de capital estrangeiro. "Não temos dúvidas que o próprio Estado brasileiro tem um grande interesse em cimentar as relações luso-brasileiras", disse Baptista, em entrevista em Pequim, ao ressaltar que a estratégia da Portugal Telecom implica manter e reforçar a presença no mercado brasileiro, caso surjam oportunidades.
Na terça-feira (3/7), o ministro de Obras Públicas, Transportes e Telecomunicações de Portugal, Mário Lino, disse que o governo português tem interesse na criação de um grande grupo de telecomunicações luso-brasileiro, que classificou como um "bom projeto". Um dia depois das declarações do ministro, o premiê português, José Sócrates, também tocou no assunto. Em Lisboa, no dia da cúpula União Européia-Brasil, o primeiro-ministro disse que vê o projeto "com bons olhos".
O presidente da Portugal Telecom Investimentos Internacionais, João Pedro Baptista, disse ainda que a companhia se prepara para anunciar novos investimentos na África. Ele considera que o continente africano "vai contribuir de forma muito marcante para o crescimento de receitas e de rendimento do grupo". ?Dentro de dois meses podemos concretizar algumas das coisas sobre as quais temos trabalhado ", disse Baptista.
A estratégia da companhia, segundo ele, baseia-se nas previsões de crescimento do sector das telecomunicações, sobretudo móveis, no continente devido às baixas taxas de penetração. A maior parte dos países de africanos tem uma taxa de penetração de celulares entre 20% e 25%, contra uma penetração entre os 110% e os 120% na Europa. "A nossa estratégia é investir em negócios ou adquirir licenças, notadamente na África subsariana, em países onde haja rentabilidade", afirmou Baptista, que disse acreditar que "o mercado africano vai continuar a crescer durante muitos anos, com necessidade de investimento e taxas de retorno muito interessantes".
O executivo negou que a estratégia do grupo para a África seja necessariamente articulada a partir do mercado angolano e afirmou que a Portugal Telecom vai, "nos próximos meses e anos, continuar a juntar ao portfólio novas operações que poderão estar em países ao redor de Angola, mas que também poderão não estar".