A indústria sempre teve sua logística preparada para atender as necessidades do segmento B2B, com operações voltadas para grandes volumes e escalas, ao mesmo tempo que a produção e a entrega visavam grandes quantidades.
Contudo, nos últimos tempos, observo a digitalização das indústrias e a criação de um novo modal que torna os parques fabris cada vez mais próximos do consumidor. É o chamado D2C (Direct to Consumer), que chega com força mostrando novos modelos de negócio nos quais as fabricantes ofertam produtos diretamente para quem compra, sem o envolvimento de atacadistas, varejistas ou até mesmo de lojas físicas.
A era digital trouxe consigo a facilidade de acesso das indústrias ao público B2C e indicou que ela pode ser um diferencial para mudar o status quo da logística industrial. São muitas possibilidades de novas fontes de receita, afinal, ao eliminar intermediários, as marcas também podem reduzir custos de distribuição e obter mais controle sobre a margem de lucro.
Entretanto, a facilidade de não ter intermediários é tão positiva quanto complexa: não é simples fazer logística pulverizada em um país como Brasil, que além de imenso possui tantas peculiaridades geográficas. Se considerarmos abranger outros países, fica mais difícil ainda. Fazer entregas unitárias e fracionadas só é possível quando a malha logística é planejada para isso.
Para sobreviver a essa tendência que já se torna realidade e posicionar-se na vanguarda, é preciso muita inteligência logística. E não só isso: é preciso valorizar o perfil de quem faz essa entrega, porque o entregador faz toda a diferença no processo.
Engana-se quem pensa que pode deixar para depois: o momento de ingressar neste novo modelo é agora, uma vez que ele promete reduzir as distâncias em todo o globo nos próximos anos.
A tecnologia logística representa um grande diferencial para colocar em prática o D2C com qualidade. Vale lembrar que, com a indústria digital, integrar a logística é primordial para preparar as mercadorias e levar o produto ao comprador. Diante disso, o fulfillment é um recurso muito importante, já que a terceirização do serviço de armazenamento do estoque e de entrega garante mais expertise no fluxo logístico e possibilita disponibilidade imediata dos produtos ao consumidor onde eles estiverem.
As indústrias que se preparam e atualizam sua logística para se encaixar neste movimento dão um grande passo para atender o consumidor de forma fluida e competente (aliás, quem compra está cada vez mais exigente com prazos). A indústria digitalizada preparada com uma logística inteligente é capaz de trabalhar com maestria sua malha logística em um país continental como o nosso. Ela sabe de antemão onde e como vai estocar os produtos de forma eficaz, considerando a demanda, e vai estar atenta aos custos fixos para mantê-los competitivos.
Estimo que, dentro de dois anos, teremos um cenário bem mais avançado no que diz respeito à indústria digital. Vejo um mercado mais seletivo, onde o B2C é representado pela indústria e está próximo ao consumidor final, com processos tecnológicos cada vez mais integrados e logísticas diferenciadas com foco no consumidor final.
Vejo também o cross border (comércio sem fronteiras), devido à facilidade de acesso a produtos para outros países graças aos processos mais simples e práticos. Sem dúvida, nos próximos anos, o mundo ficará menor e adquirir itens internacionais será muito mais fácil e amigável para o consumidor final. É para isso que pensamos logística.
Eneas Zamboni, CEO da UX Group.