Apesar de a pressão por redução de custos com TI estar mais em voga do que nunca, o computador de grande porte se mantém valorizado no mercado. Agora, 20 anos depois da onda do “downsizing” que varreu as empresas nos anos 1990 – que levou a substituição de grande parte dos mainframes por redes de microcomputadores, com base na arquitetura cliente/servidor – e depois da consolidação dos PCs e em plena era da internet, a situação continua praticamente a mesma. Ao menos é isso que indica uma pesquisa recente da BMC Software, fabricante de software para aplicações críticas de negócios, realizada com 1.347 profissionais de TI em todo o mundo, inclusive no Brasil.
Os resultados mostram que a maioria deles continua a ver o mainframe como um sistema essencial para processamento comercial. Os profissionais relataram o mais forte crescimento de Mips (milhões de instruções por segundo de capacidade de processamento) na história da pesquisa, com 84% dos entrevistados declarando esperar um aumento ou uso constante de Mips e 63% indicando que o mainframe irá crescer e atrair novas cargas de trabalho durante o próximo ano. A opinião geral é que o mainframe deve permanecer nas grandes corporações, ao lado de servidores de pequeno e médio porte, em ambientes híbridos de TI.
O estudo revela que 62% dos entrevistados disseram que devem aumentar a capacidade do mainframe da empresa neste ano, alta de 6% em relação ao registrado em 2010. Para Olímpio Pereira, diretor geral de mainframe da BMC Software para a América Latina, isso demonstra que as soluções para computadores de grande porte acompanham o crescimento dos negócios que envolvem alto risco. Hoje, segundo ele, o mainframe é adotado principalmente pelo setor financeiro (26%), seguido por empresas de tecnologia (14%), seguros (13%) e governo (10%), que buscam otimizar o seu uso para acompanhar seu crescimento. “Essas empresas desenvolvem novas aplicações para mainframe, principalmente para suportar um novo serviço de uma unidade de negócio”, diz Pereira.
A necessidade de reduzir custos continua a ser a principal prioridade para 60% dos entrevistados, por isso ainda há um grande interesse desses profissionais em investir no aumento da capacidade do mainframe e, ao mesmo tempo, em melhorar o desempenho. Outras prioridades incluem a recuperação de desastres (34%), modernização de aplicações (31%), a utilização de Mips ou projetos de redução de crescimento (24%), e a redução do impacto de disponibilidade devido a interrupções planejadas ou não (24%).
Pereira explica que, mesmo sendo uma tecnologia cara, os benefícios de se operar com mainframe em um sistema híbrido aparecem no longo prazo, principalmente devido à redução de mão de obra para gerenciar operações, quando comparado ao gerenciamento de servidores e data centers,.
A pesquisa revela, ainda, que há uma forte tendência de uso integrado de dispositivos móveis com mainframe. Um terço dos entrevistados hoje já gerenciam seus ambientes de mainframe via iPad ou outro dispositivo móvel. “Isso mostra, na realidade, a demanda por mobilidade de todo o ambiente híbrido no qual o mainframe está inserido”, analisa Pereira, ao ressaltar que essa funcionalidade ainda não está sendo utilizado para o gerenciamento de aplicações críticas de negócio. Vem daí, diz ele, o interesse de 60% dos entrevistados por ferramentas multiplataforma, em áreas como monitoramento de eventos de automação e gerenciamento de mudanças.
Pereira vê o mainframe como crucial para consolidação da computação em nuvem. “Provedores de cloud computing têm falado que o volume de dados operado por eles deve crescer significativamente em pouquíssimo tempo. O mainframe realiza o processamento massivo de dados com a segurança necessária para que as operações não entrem em colapso”, explica, o que justificaria o grau de confiabilidade do mainframe expressado pelos executivos.