A HP vai realizar a cisão (spin-off) do negócio de computadores pessoais e impressoras da unidade de hardware e serviços corporativos, se dividindo em duas companhias, numa tentativa de melhorar o seu desempenho financeiro. A medida deve ser anunciada nesta segunda-feira, 6, disseram pessoas familiarizadas com o assunto ao The Wall Street Journal.
A operação será feita por meio da distribuição de ações aos acionistas, livre de impostos, no próximo ano, disse uma das fontes. Se o spin-off sair como planejado, as duas empresas que surgirão terão capital aberto, cada uma com mais de US$ 50 bilhões de receita anual.
A cisão segue uma tendência entre as grandes empresas de tecnologia, devido, em grande parte, à crença de que operações com perfis diferentes são mais bem geridas de forma separada. A HP, que tem sofrido quedas significativas nas vendas nos últimos tempos, vê melhor potencial no longo prazo no seu negócio de hardware e serviços corporativos do que nas unidades de impressora e PC, disseram as mesmas pessoas.
O investidor ativista Ralph Whitworth, que já foi presidente da HP, comentou a notícia em uma mensagem neste domingo, 5. "Isto seria uma jogada brilhante no momento certo, uma reviravolta. Seria gerar um valor significativo." Em junho, a empresa Relational Investors LLC, da qual Whitworth é cofundador, possuía uma participação de cerca de 1,5% na HP.
A notícia veiculada pelo jornal americano desencadeou uma onda de especulações na indústria, uma delas de que a separação pode levar a fusão de uma das empresas com a EMC. O diário informou recentemente que, durante grande parte do ano passado, a HP manteve conversações sobre fusão com a fornecedora de soluções de armazenamento e gerenciamento da informação, acordo que, se materializado, criaria um gigante de US$ 130 bilhões. A notícia informava, no entanto, que as negociações terminaram sem que elas chegassem a um entendimento.
Reestruturação
A cisão dos negócios da HP há muito é esperada por seus acionistas. A HP chegou perto de seperar a sua operação de PCs em 2011, quando anunciou a malfadada aquisição da empresa britânica de software Autonomy. Em 1999, a Agilent Technologies, fabricante de equipamentos eletrônicos de testes, foi desmembrada da HP. No ano passado, já sob a gestão da atual CEO Meg Whitman, a empresa se reorganizou para combinar o negócio de PC com a operação da impressora e torná-los mais rentáveis, abrindo caminho para o plano atual.
Segundo as fontes, com a separação, Meg Whitman será a presidente do negócio de PCs e impressoras, cuja empresa passaria a ser denominada HP Inc. Já a outra empresa se chamaria HP Enterprise, e teria como CEO a executiva Patricia Russo, que comandou a Lucent Technologies e a Alcatel-Lucent e atualmente ocupa um assento no Conselho da Administração da HP.
No ano fiscal de 2013, encerrado em outubro do ano passado, o Grupo de Sistemas Pessoais e Impressão, registrou receita de US$ 55,9 bilhões, cerca da metade da receita total da HP. No ano passado, a HP perdeu o lugar como maior fabricante de PCs para a chinesa Lenovo, segunfo a IDC.
Nasdaq
A notícia agradou os investidores. As ações da empresa abriram o pregão desta segunda-feira, 6, na Nasdaq, cotadas a US$ 37,08, alta de 5,34% em relação ao fechamento do dia anterior, sendo que por volta das 14h30 (horário de Brasília) atingiram o pico de US$ 37,50, aumento de 6,53%. O bom desempenho da HP na Nasdaq perdurou durante todo o dia e as ações encerraram o pregão cotadas a US$ 36.87, elevação de 4,74%.