Apenas 23% dos estabelecimento de saúde do País registram eletronicamente informações dos prontuários dos pacientes. É o que apontou a edição mais recente do estudo TIC Saúde 2014, feito pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br). O levantamento apontou que 45% dos estabelecimentos fazem o registro totalmente em papel.
O levantamento entrevistou 2.121 estabelecimentos de saúde públicos e privados de todo o País, bem como 1.067 médicos e 2.037 enfermeiros. A pesquisa foi realizada entre setembro de 2014 e março de 2015.
A pesquisa conduzida pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br) investiga a adoção das tecnologias de informação e comunicação nos estabelecimentos de saúde e a apropriação desses recursos pelos profissionais do setor.
O estudo identificou que 52% dos estabelecimentos que utilizaram a Internet nos últimos 12 meses possuem algum tipo de registro eletrônico das informações presentes nos prontuários dos pacientes. Por outro lado, 45% dos estabelecimentos que utilizaram a Internet nos últimos 12 meses fazem os registros totalmente em papel.
De acordo com Tiago Delgado, sócio-diretor da Medicina Direta, empresa especializada em gestão de prontuários eletrônicos, essa baixa adesão se dá em razão da pouca familiaridade dos profissionais de saúde com ferramentas de Tecnologia da Informação (TI) e a internet. "Para o médico entender e tangibilizar esta necessidade, normalmente ele precisa vivenciar a utilização do prontuário eletrônico em uma clínica", avalia.
O estudo TIC Saúde 2014 apontou ainda que falta de recursos para investimento em tecnologia é vista por 79% dos médicos e 78% dos enfermeiros como barreira para a implantação de sistemas eletrônicos. "É comum encontrar médicos reclamando de sistemas no Brasil, desde o consultório até em um grande hospital", diz Delgado.
Embora a maioria dos médicos e enfermeiros declare não perceber a diminuição na carga de trabalho por conta do uso de tecnologias, a percepção em relação ao cuidado com o paciente e gestão das rotinas médicas é positiva – para 72% dos médicos e 76% dos enfermeiros, a implantação de sistemas eletrônicos possibilitou a melhora da qualidade do tratamento como um todo.
Delgado afirma que médicos avessos a tecnologia e normalmente atendem os pacientes utilizando papel há muitos anos e por isso preferem não mudar o processo ao qual já estão acostumados. O executivo da Medicina Direta avalia, porém, que após os médicos aderirem à tecnologia e iniciarem o atendimento com o Prontuário Eletrônico do Paciente (PEP), a percepção é que jamais eles voltam a atender com papel.