Destravar desafios regulatórios é essencial para Brasil assumir vanguarda do mercado de créditos de carbono

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Estimativas globais apontam para um aumento superior a 15 vezes na demanda por créditos de carbono até 2030, podendo chegar a um crescimento de até 100 vezes até 2050, segundo dados da McKinsey. Isso implica em uma projeção de mercado que saltaria de aproximadamente US$ 1 bilhão em 2021 para um montante de, no mínimo, US$ 50 bilhões em 2030.

Trata-se, portanto, de uma oportunidade única para empresas se destacarem apoiando práticas sustentáveis e, ao mesmo tempo, colhendo os benefícios dessa abordagem consciente. Um dos modelos mais promissores é o de créditos de carbono; essas unidades que representam a redução de uma tonelada de dióxido de carbono (CO2) ou de outro gás de efeito estufa (GEE), podem ser usadas para compensar as emissões de GEE.

O valor de mercado está na capacidade de demonstrar o compromisso com a redução do impacto ambiental; tanto clientes quanto investidores estão pressionando por produtos e serviços de baixo carbono. Esta é uma demanda que abrange o mercado como um todo e a sustentabilidade não é mais uma tendência, mas sim um imperativo global. A prioridade é ainda maior entre os mais jovens, que estão assumindo um protagonismo cada vez maior: de acordo com pesquisa recente da Cone Communications, 73% dos millennials e 67% da geração Z estão dispostos a pagar mais por produtos e serviços sustentáveis. Além disso, 63% do primeiro grupo e 57% do segundo afirmam que estão mais propensos a apoiar marcas que se comprometem com iniciativas sustentáveis.

Vale ressaltar, contudo, que a demanda por produtos e serviços de baixo carbono não se limita apenas a consumidores individuais, mas também se estende ao mercado B2B, onde as companhias estão buscando fornecedores que ofereçam soluções de baixo carbono para melhorar suas operações. Aqui a crescente importância dos projetos de Blue Carbon também é digna de nota. Esses projetos concentram-se em ecossistemas marinhos e costeiros, que podem armazenar até dez vezes mais carbono do que as florestas terrestres. São, além de tudo, ecossistemas que têm um grande potencial para mitigar as mudanças climáticas.

Existem, claro, inúmeros desafios. No Brasil, por exemplo, a legislação ainda engatinha: o governo federal inaugurou a regulamentação do mercado de carbono com o Decreto Presidencial nº 11.075, de 19 de maio de 2022. Mais de um ano depois, o Senado ainda discute as possibilidades regulatórias e o Congresso analisa um projeto de lei amplo para regulamentar esse mercado.

Ainda assim, a perspectiva de crescimento para empresas que atenderem às demandas da região é promissora: o mercado de créditos de carbono oferece oportunidades significativas para empresas e organizações que desejam liderar em sustentabilidade. E neste cenário em constante evolução, auxiliar empresas a trilhar o caminho da sustentabilidade, não apenas como um dever moral pelo planeta, mas também como uma oportunidade de crescimento e liderança nos mercados do futuro, é um caminho sem volta.

André Bodowski, vice – presidente da Diligent na América Latina.

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