A necessidade de adequação dos telecentros à realidade atual, na qual o acesso à internet está muito facilitado, foi um dos principais temas debatidos nesta quinta-feira, 6, durante a 7ª Oficina para Inclusão Digital, em Belém. O diretor do Instituto de Pesquisas e Projetos Sociais e Tecnológicos, Carlos Seabra, destacou a importância dos telecentros no aprendizado do uso da internet. Segundo ele, embora o acesso em cyber cafés e lan houses seja mais livre, nesses locais o conhecimento não é repassado. "O fato de dar um lápis e um papel para um analfabeto, não significa que ele vá aprender a ler e a escrever. E é esse papel que os telecentros têm", disse. Ele criticou o excesso de cursos existentes em alguns telecentros e a proibição do acesso à rede de relacionamentos Orkut e a programas de bate-papo como o MSN.
Para Seabra, os telecentros também têm que estar atentos para a importância do uso do celular integrado à internet, e devem oferecer mecanismos para ampliar essa possibilidade, como os cabos necessários para descarregar no computador as fotografias tiradas com o celular. "O uso integrado do celular com internet é uma realidade cada vez maior, e os telecentros precisam atender a essa demanda também", disse.
Para a coordenadora do programa BH Digital, da Prefeitura de Belo Horizonte, Silvana Veloso, a parceria entre governo e sociedade civil é fundamental para a inclusão digital no país. "Nós não podemos instalar um telecentro e deixar o uso livre como uma lan house, temos que oferecer e sistematizar conteúdos para a comunidade", afirma. Para ela, a internet pode ser considerada o quinto poder na sociedade atual.
Outro tema debatido no evento foram os desafios da utilização da banda larga no Brasil. O secretário-adjunto de Logística e Tecnologia da Informação, do Ministério do Planejamento, Rodrigo Assumpção ressaltou que é preciso integrar a estruturas de fibras óticas implantadas no país. Segundo ele, o Ministério das Comunicações disponibiliza atualmente, por meio do programa Governo Eletrônico – Serviço de Atendimento ao Cidadão (Gesac), 3,5 mil pontos de acesso implantados em 2,2 mil municípios, e um novo contrato irá contemplar 12 mil pontos em todos os municípios do país.
O secretário também informou que as operadoras de telefonia se comprometeram a fornecer conexão banda larga a 56 mil escolas urbanas até 2010. O número representa 87% dos alunos da rede pública do país. A garantia foi dada por meio de um decreto que trocou a obrigação das operadoras de telefonia em instalar Postos de Serviços de Telecomunicações (PSTs) pela de levar aos municípios a infra-estrutura de backhauls, que é a rede para conexão em banda larga.
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