A indústria vive uma transformação sem precedentes, impulsionada por tecnologias disruptivas que estão redefinindo a maneira como produzimos, otimizamos processos e interagimos com os produtos. As inovações formam um novo paradigma industrial, marcado por eficiência, personalização e sustentabilidade. Refletindo sobre as inovações que estão mudando o cenário global, quais são, afinal, as tecnologias com potencial para transformar a sociedade e, mais, quais são os desafios que as empresas enfrentam na jornada de digitalização?
No coração dessa revolução, está a inteligência artificial, com sua capacidade de aprender, reconhecer padrões e tomar decisões autônomas. Inspiradas em aprendizado natural, esse conjunto de técnicas de programação atua na resolução de problemas, com interpretação precisa de dados, contexto e ambiente, abrindo um universo de possibilidades para máquinas autônomas ou colaborativas.
Outro avanço fundamental é o conceito de gêmeo digital, que permite a criação de representações virtuais de um produto ou processo. Com o gêmeo digital, é possível simular o comportamento de um ativo – aeronave, trem, edifício, rede elétrica, maquinário –, otimizando seu desempenho durante todo o ciclo de vida, antes mesmo da implementação no mundo real, com tremendo impacto na redução de custos e riscos.
Nesse novo paradigma industrial, a manufatura avançada desempenha um papel-chave. Ela democratiza a produção, possibilitando a criação, de forma rápida e econômica, de peças flexíveis, interoperáveis e escaláveis inspiradas na natureza – muitas vezes, com geometrias complexas até então impossíveis de fabricar sob demanda. A manufatura aditiva pode fornecer produtos industriais mais leves, com performance otimizada e pegada de carbono reduzida e, ainda, potencialmente mais baratos. Além disso, a automação tem se consolidado como uma aliada da transformação digital. Com novas soluções de automação mais flexíveis e de fácil utilização, as empresas podem liberar seus trabalhadores para tarefas mais criativas e de maior valor agregado.
Neste contexto de automatização de atividades rotineiras e foco na tomada de decisão, ganham cada vez mais espaço as plataformas low code, uma abordagem de desenvolvimento de software que permite criar aplicativos com o mínimo de codificação manual. As vantagens são significativas: processos simplificados, acesso democratizado, custos reduzidos e produtividade elevada. E já temos tecnologia para incorporar a inteligência artificial generativa em soluções low code.
Vale destacar, ainda, a importância de investir em soluções sustentáveis, tanto no campo da infraestrutura quanto da energia. As empresas estão cada vez mais focadas em reduzir o impacto ambiental e otimizar o consumo de recursos. Além disso, a experiência do usuário está no centro das estratégias de negócios, com a busca por produtos e serviços mais intuitivos e personalizados, que atendam às necessidades e expectativas dos consumidores.
Outro fator crítico para essa revolução tecnológica é a conectividade, base da Internet das Coisas (IoT), que permite a interconexão de dispositivos – de aplicações de consumo até domínios industriais –, gerando uma enorme quantidade de dados. A computação em borda também desempenha um papel importante, permitindo o processamento de dados mais próximos da fonte, o que reduz a latência e melhora a segurança.
Nessa realidade, é possível apontar três agentes facilitadores da inovação: os sistemas e processos de software de digitalização, essenciais para gerenciar instalações e centros de sinalização; os circuitos integrados, que são fundamentais para o desempenho de muitos sistemas; e a eletrônica de potência, capaz de converter, comutar e controlar com eficiência a eletricidade, independentemente do local de geração, transmissão, distribuição e consumo. Por fim, a segurança cibernética é um pilar crucial para as organizações protegerem suas infraestruturas críticas e informações confidenciais, assegurando, acima de tudo, a continuidade dos negócios.
Os ambientes industriais futuros serão recheados de máquinas autônomas, equipamentos de produção modulares e sistemas autoconscientes colaborativos, mas, atenção, o progresso traz um ônus. Estamos diante de uma montanha de dados. Escalar essa montanha para, então, extrair o ouro que ela esconde é o grande desafio e a maior oportunidade da nossa geração. A convergência das tecnologias é o que nos permitirá transformar dados em conhecimento, e conhecimento em ação. Agora, mais do que nunca, é hora de abraçar a inovação com ousadia para construir um futuro mais conectado, eficiente e inteligente.
Daniel Scuzzarello, CEO da Siemens Digital Industries Software para América do Sul.