Facebook e Instagram terão novas regras sobre liberdade expressão

0

Começando pelos Estados Unidos, o Facebook está encerrando o programa de verificação de fatos via parceiros e migrando para um modelo baseado em Notas da Comunidade, informou a empresa Meta nesta terça-feira, 7.

Segundo a empresa, "acreditamos que essa pode ser uma maneira mais efetiva e diversa de alcançar nossa intenção original de fornecer às pessoas informações sobre o que estão vendo – e uma que é menos propensa a vieses".

Uma vez que o programa estiver em execução, a Meta não escreverá Notas da Comunidade ou decidirá quais delas serão exibidas. Elas serão escritas e avaliadas por usuários colaboradores.

Assim como fazem no X, as Notas da Comunidade exigirão consenso entre pessoas com uma ampla gama de perspectivas para ajudar a prevenir avaliações tendenciosas.

"Pretendemos ser transparentes sobre como diferentes pontos de vista fundamentam as Notas exibidas em nossos aplicativos e estamos trabalhando para encontrar a melhor maneira de compartilhar essa informação", diz a empresa.

Tradução feita por IA VEED 

As alterações irão impactar o Facebook, Instagram e Threads e visam reverter políticas anteriores que limitavam conteúdos políticos nos feeds dos usuários. Mark Zuckerberg enfatizou que essas mudanças são uma resposta ao ambiente político atual e que pertente colaborar com o governo Trump para promover a liberdade de expressão globalmente.

"Queremos consertar isso e voltar àquele compromisso fundamental com a livre expressão. Hoje, estamos fazendo algumas mudanças para permanecermos fiéis a esse ideal", disse.

Comentários

Joao Brant, secretário de Políticas Digitais – SECOM da Presidência da República – Brasil Secretário de Políticas Digitais – SECOM – Presidência da República , em um post no LinkedIn  diz que " o anúncio feito hoje por Mark Zuckerberg antecipa o início do governo Trump e explicita aliança da Meta com o governo dos EUA para enfrentar União Europeia, Brasil e outros países que buscam proteger direitos no ambiente online (na visão dele, os que 'promovem censura'). É uma declaração fortíssima, que chama tacitamente o STF de 'corte secreta', ataca de maneira absurda os checadores de fatos (dizendo que eles 'mais destruíram do que construíram confiança' nas plataformas) e questiona publicamente o viés da própria equipe de 'trust and safety' da Meta – numa justificativa para fugir da legislação californiana".

Zuckerberg também anuncia que vai desligar parte dos filtros que ajudavam a detectar conteúdo que feria a política da plataforma – vai atenuar especialmente políticas sobre imigração e sobre gênero. Vai ainda reforçar o 'conteúdo cívico' (ou seja, o debate político) nas plataformas, o que sinaliza que está se dispondo a servir de plataforma para a disputa de agenda que virá reforçada pela nova administração Trump.

Em suma:

1)  Facebook e Instagram vão se tornar plataformas que vão dar total peso à liberdade de expressão individual e deixar de proteger outros direitos individuais e coletivos. A repriorização do 'discurso cívico' significa um convite para o ativismo da extrema-direita reforçar a utilização dessas redes como plataformas de sua ação política.

2)   Meta vai atuar politicamente no âmbito internacional de forma articulada com o Governo Trump para combater políticas da Europa, do Brasil e de outros países que buscam equilibrar direitos no ambiente online. A declaração é explícita, sinaliza que a empresa não aceita a soberania dos países sobre o funcionamento do ambiente digital e soa como antecipação de ações que serão tomadas pelo governo Trump.

3)   Meta vai asfixiar financeiramente as empresas de checagem de fatos, o que vai afetar as operações delas dentro e fora das plataformas.

O anúncio de Zuckerberg só reforça a relevância das ações que estão sendo tomadas na União Europeia, no Brasil e na Austrália, envolvendo Poder Judiciário, Poder Legislativo e Poder Executivo. E amplia a centralidade dos esforços internacionais feitos no âmbito da ONU, UNESCO, G20 e da OCDE para reforçar a agenda de promoção da integridade da informação.

Idec diz que mudanças na moderação colocam consumidores em risco

O Idec manifesta preocupação com as mudanças anunciadas hoje (7/1) por Mark Zuckerberg na moderação de conteúdo do Facebook, Instagram e Threads. A substituição de verificadores de fatos por "notas comunitárias" e a redução de filtros de moderação podem aumentar a circulação de desinformação, discurso de ódio e conteúdos nocivos nas plataformas.

Essas alterações afrontam iniciativas regulatórias legítimas e impactam diretamente o dia a dia dos usuários, expondo-os a fraudes, abusos e informações enganosas que podem prejudicar ações cotidianas, como compras online e busca de informações sobre saúde. Além de também ser potencialmente perigosa em períodos eleitorais, o enfraquecimento das regras de moderação diminui a segurança das plataformas, especialmente para grupos mais vulneráveis, como idosos, pessoas negras, crianças e adolescentes.

O Idec alerta que as mudanças anunciadas pela Meta demonstram o problema estrutural da concentração de poder nas mãos de corporações que atuam como árbitros do espaço público digital e privilegiam interesses corporativos em detrimento da segurança e dos direitos dos usuários. Tal mudança abusiva reforça a necessidade de uma regulação mais robusta que responsabilize as plataformas pelos danos causados por seus modelos de negócio e priorize a proteção dos consumidores no ambiente digital. É essencial que os usuários estejam atentos e que governos e organizações atuem para garantir um espaço online mais seguro e confiável.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

This site is protected by reCAPTCHA and the Google Privacy Policy and Terms of Service apply.