O grupo português Sonae SGPS fez na noite de ontem (6/2) uma oferta hostil para aquisição da Portugal Telecom por ? 16 bilhões (cerca de US$ 19,1 bilhões). A empresa oferece ? 9,5 por ação da operadora, o que dá um prêmio aos acionistas de 16,14%. A oferta foi confirmada pelo presidente do grupo Sonae, Belmiro de Azevedo, depois do fechamento da Bolsa de Nova York. A empresa se compromete ainda a assumir a dívida de ? 4 bilhões da operadora.
Em entrevista ao português Jornal de Notícias, o executivo disse que essa ?é a maior operação da minha vida?, já que a aquisição daria à Sonae o controle da maior rede de telefonia fixa de Portugal, metade da maior companhia de telefonia móvel da América Latina e a TMN, líder portuguesa de telefonia móvel, entre outras operações.
Mas Azevedo disse estar consciente dos obstáculos que tem pela frente e das condições coladas pelo próprio grupo para a aquisição, como a não oposição do governo ? que detém uma ?golden share? de 500 ações na empresa ?, ficar com o mínimo de 50,01% do capital da operadora, a reação dos acionistas, a alteração dos estatutos e a autorização da assembléia geral da Portugal Telecom, entre outras. ?Vamos ver o que acontece, mas se o governo precisa de apoios dos empresários no sentido de reforçar o clima de confiança na economia portuguesa, parece-me que não pode haver melhor resposta?, declarou Azevedo.
A barreira mais difícil de ser vencida talvez nem seja o governo, que já adiantou que somente irá tomar uma decisão após a oferta ser apreciada pela Autoridade da Concorrência, conforme afirmou ao jornal português o ministro das Obras Públicas, Transportes e comunicações, Mário Lino, o qual admitiu ter sido previamente informado por Azevedo da oferta hostil da Sonae.
O maior obstáculo ao negócio deve ser mesmo os acionistas e dirigentes da Portugal Telecom, pois os estatutos da empresa proíbem que empresas concorrentes detenham participação superior a 10% no seu capital ? um dos motivos, aliás, que limitam o aumento da participação do grupo Telefonica na operadora.
Analistas de mercado acham, no entanto, que a Telefonica, que detém cerca de 10% das ações, e o Banco Espírito Santo, que possui 8,36% do controle, devem se opor ao negócio, por considerar que a oferta está abaixo do real valor da operadora.