Software livre ainda tem uso restrito nas grandes empresas

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Apesar de estar há anos no mercado, o software livre, cuja principal bandeira é o desenvolvimento de aplicações de modo colaborativo, ainda não conseguiu se consolidar nas escolas e, sobretudo, nas grandes empresas, exceto fenômenos de mercado como Android e Firefox, software open source que estão ganhando espaço também no setor privado.

Uma prova disso é dada pelo coordenador de pós-graduação da Universidade Autónoma de Zacatecas, no México, Manuel Haro Marquez, ao destacar que o Windows está presente em 90% dos escritórios em todo o mundo, enquanto o Linux, sistema operacional de código aberto, encontra-se em apenas 5% desses ambientes. Ele coordena projetos de implantação de sistemas operacionais de código aberto em universidades e escolas públicas no país. Segundo ele, isso é possível apenas porque presta um serviço para a sociedade quando trabalha na formação dos alunos. Marques, junto com outros especialistas, participou nesta terça-feira, 7, de debate na Campus Party 2012, que acontece esta semana em São Paulo, na mesa-redonda cujo tema foi Governo e Software Livre.

“O software é livre, mas a mente é proprietária”, com essa espécie de slogan o gerente de inovações tecnológicas da Secretaria de Logística e Tecnologia da Informação (SLTI) do Ministério do Planejamento, Corinto Meffe, tenta justificar a baixa adesão das corporações ao software livre, inclusive no Brasil. Ele explica que a primeira dificuldade encontrada é a cultura corporativa atual. Isso porque a concepção do software livre não visa apenas o produto, mas contempla toda uma filosofia de divisão de experiências e trabalho coletivo. "É impossível atuar com colaboração quando o ecossistema de negócio funciona principalmente com base na competição entre as empresas", argumenta.

Durante a Campus Party, Meffe anunciou a primeira licitação do governo 100% aderente ao modelo de colaboração e software livre. Ele discorda, entretanto, da ideia corrente de que os governos devem ser os catalisadores do movimento do software livre, a exemplo do Brasil, onde as estatais são as grandes usuárias de sistemas open source. Para Meffe, esses sistemas representam um universo corporativo distinto, ainda em desenvolvimento, capaz de abrir oportunidades para pequenos e médios desenvolvedores atuarem.

O gerente da SLTI, acredita, contudo, que será criado um novo modelo de negócio em torno do software livre, coexistente com licenças e serviços de grandes companhias de tecnologia, como Microsoft, Oracle, SAP, Apple, Google, entre outras. "Quando você visita o interior do país, percebe um estilo de vida completamente diferente do Sudeste, por exemplo. A internet avançou muito, mas uma multinacional não tem condições de implantar seus software no contexto dessas regiões. Por isso, desenvolvedores independentes, universidades e pequenas empresas têm aí um novo mercado”, explica.

Em relação às universidades, ele diz que o governo vê este tipo de programa como um bem público, capaz de desenvolver a inovação tecnológica e, por isso, encontra menos dificuldades para sua implantação. “Devemos estimular a inovação, ao lado do Ministério da Ciência e Tecnologia e o Ministério da Cultura, com fomentos e incentivos. É nosso papel”, conclui Meffe.

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