Os desafios de todos nós

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O ano de 2015 foi marcado pelo acúmulo de crises no Brasil: econômica, política, institucional, de liderança e de corrupção. Certamente, esse turbilhão de acontecimentos afetou todos os setores da economia, inclusive o da Tecnologia da Informação. Felizmente, por ter o privilégio de ser um agregador tanto em momentos de expansão quanto em períodos de retração, o esperado é que o segmento encontre saídas para ser menos impactado em 2016.

Em função do momento de transformação digital no qual o mercado se encontra, as empresas de TI contam com oportunidades de crescimento a partir de tendências como o Big Data, Analytics, Cloud Computing, Mobilidade e Redes Sociais. Esse cenário tem proporcionado o surgimento de novos negócios e de maneiras diferentes de interagir com os consumidores em diversas áreas, como na telefonia, com o Whatsapp; na mobilidade, com o Uber; e no entretenimento, com a Netflix, só para citar alguns exemplos. O sucesso desses novos negócios demonstra que a transformação digital deve avançar novos patamares e estar cada vez mais presente na rotina de companhias e consumidores.

Claro que o momento político-econômico acaba interferindo na decisão de investimentos. No ano passado, mesmo tendo necessidade de aprimorar, algumas empresas optaram por serem mais cautelosas neste sentido, postergando projetos ou desenvolvendo trabalhos menores do que gostariam.

Além disso, o setor também foi impactado pela revogação dos benefícios da Lei do Bem, que pode trazer de volta a informalidade ao segmento, bem como com a reoneração da Folha de Pagamento, o fim de um benefício que, durante os três anos em que esteve em vigor, permitiu a criação de 87 mil postos de trabalho.

Com o aumento da alíquota de Contribuição Previdenciária de 2% para 4,5%, gerada por essa reoneração, a formalização do emprego e o investimento na especialização podem ser prejudicados.O aumento da taxa de desemprego no Brasil diminuiu a pressão das vagas não preenchidas no segmento de TI, mas o desafio dos empresários continua sendo conseguir formar mão de obra especializada para atingir as metas de demanda do mercado com profissionais qualificados.

Com uma situação econômica instável e a retirada de benefícios que já demonstraram ser vantajosos para o país, cria-se um ambiente adverso para este setor, composto em sua maioria por micro e pequenas empresas e complexo suficiente para um novo empreendimento conseguir sobreviver, ainda que ofereça serviços inovadores, considerados aderentes ao mercado.

Ainda assim, no começo de 2015 a expectativa de crescimento do Mercado Brasileiro de TI para o ano era de 7,3%, contra os 6,7% conquistados em 2014. E apesar de os números referentes ao período, comparando o Brasil com o mercado mundial, ainda não estarem fechados pela ABES e IDC, é possível que o setor alcance a estimativa ou mesmo consiga superá-la por conta do aumento do dólar. Caso se confirme, o Brasil se manterá entre os países com maior taxa de crescimento do mundo.

Por essas razões, e devido a um cenário ainda conturbado pelas crises política e econômica que devem se estender ainda neste ano, o setor precisa seguir tentando se adaptar ao novo momento, se beneficiando das tendências da transformação digital, mas ainda com crescimento moderado e retomada de ascensão somente em 2017.

Jorge Sukarie, presidente da ABES – Associação Brasileira das Empresas de Software e membro da entidade desde 1989. Formado em Administração de Empresas pela Fundação Getúlio Vargas, e Pós-Graduado pela mesma instituição, com ênfase em Finanças e Marketing. Curso de Especialização em Gerenciamento de Empresas feito na Harvard Business School em Boston (USA). Sukarie também é sócio fundador e presidente da Brasoftware Informática.

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